Um mundo sem o dólar como moeda de referência é viável? Veja o que dizem especialistas

Para uma moeda virar referência internacional é preciso combinar o poder econômico com o poder geopolítico; especialistas dizem que hoje não há região ou país está apto a superar os EUA nessa equação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou, durante discurso na sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o uso exclusivo do dólar como lastro de trocas comerciais internacionais. Especialistas afirmam que a troca da moeda de referência internacional é teoricamente possível, mas que não é algo que acontecerá no curto prazo.

Na China, Lula defendeu a consolidação de uma moeda comum para transações entre os países do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e contestou a hegemonia do dólar: “Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda? Por que não temos o compromisso de inovar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda, depois que desapareceu o ouro como paridade”, questionou o presidente na cerimônia de posse de Dilma Rousseff para comandar o NDB, também chamado de Banco dos Brics.

Inglaterra

Historicamente, é viável pensar em um mundo com outra moeda chave ou diversas moedas chaves, afirma Pedro Linhares Rossi, professor do Instituto de Economia da Unicamp. Porém, trata-se de um processo muito lento e determinado por um conjunto de fatores.

O professor explica que a Inglaterra, como “fábrica do mundo” na primeira revolução industrial, teve a sua moeda, a libra, como a referência no sistema internacional. “Todos tinham interesse em comercializar com a Inglaterra, o que consolidou a libra como a moeda desejada, já que dava acesso a bens e mercadorias”, explica Rossi.

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