IPCA-15 desacelera alta para 0,57% em abril

Índice fica abaixo da mediana das projeções; acumulado em 12 meses vai a 4,16%, menor desde outubro de 2020

Leonardo Vieceli RIO DE JANEIRO

inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) desacelerou o ritmo de alta para 0,57% em abril, informou nesta quarta-feira (26) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A taxa é a menor para o mês desde 2020 e ficou abaixo da mediana das projeções do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço de 0,60%, após a variação de 0,69% registrada em março.

Com o resultado de abril, o índice desacelerou a alta para 4,16% no acumulado de 12 meses. É o menor nível desde outubro de 2020 (3,52%). No acumulado, a taxa era de 5,36% até março.

O índice oficial de inflação no Brasil é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também divulgado pelo IBGE. Como a variação do IPCA é calculada ao longo do mês de referência, o dado de abril ainda não está fechado. Será conhecido em 12 de maio.

O IPCA-15, pelo fato de ser divulgado antes, sinaliza uma tendência para os preços. Sua variação é calculada entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência dos dados. Neste caso, a coleta ocorreu de 16 de março a 13 de abril.

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) para o IPCA é de 3,25% em 2023. O intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais (4,75%) ou para menos (1,75%).

Apesar de o IPCA-15 acumulado (4,16%) ter ficado abaixo do teto para o IPCA (4,75%), analistas esperam que a inflação volte a ganhar força no segundo semestre do ano. Parte dessa projeção está associada ao efeito da base de comparação.

Na segunda metade de 2022, os preços de produtos como os combustíveis foram reduzidos de maneira artificial pelo corte de tributos anunciado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) às vésperas das eleições.

A alta prevista pelo mercado financeiro para o IPCA é de 6,04% no acumulado de 2023, de acordo com o boletim Focus publicado pelo BC na segunda-feira (24). Se o resultado for confirmado, este será o terceiro ano consecutivo de estouro da meta.

Em uma tentativa de conter a inflação, o BC vem mantendo a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) está agendada para a semana que vem, nos dias 2 e 3 de maio.

Neste início de ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma série de críticas à atuação do BC e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Lula chegou a afirmar que o patamar da Selic é uma “vergonha”, defendendo a redução dos juros.

A Selic em nível elevado busca esfriar a demanda por bens e serviços, freando os preços e ancorando as expectativas de inflação. O efeito colateral esperado é a perda de fôlego da atividade econômica, porque o custo do crédito fica mais alto para empresas e consumidores.

GASOLINA SOBE EM ABRIL

De acordo com o IPCA-15, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta de preços em abril. A maior variação (1,44%) e o principal impacto no índice do mês (0,29 ponto percentual) vieram do segmento de transportes, que havia subido 1,50% em março.

A alta desse grupo foi puxada pelo aumento dos preços da gasolina (3,47%). O combustível foi o subitem com o maior impacto individual no IPCA-15 de abril (0,17 ponto percentual). Também houve avanço nos preços do etanol (1,10%) no período.

O óleo diesel (-2,73%) e o gás veicular (-2,17%), por outro lado, registraram queda. Ainda em transportes, outro destaque veio da alta de 11,96% nas passagens aéreas, após recuo de 5,32% em março.

Segundo o IBGE, o IPCA-15 perdeu força na passagem de março para abril devido a fatores como a desaceleração dos grupos alimentação e bebidas (de 0,20% para 0,04%), comunicação (de 0,75% para 0,06%) e habitação (de 0,81% para 0,48%).

Dentro de alimentação e bebidas, o destaque veio da baixa da alimentação no domicílio (-0,15%). Foi a primeira retração desde setembro de 2022.

Em abril, houve quedas nos preços da batata-inglesa (-7,31%), da cebola (-5,64%), do óleo de soja (-4,75%) e das carnes (-1,34%). Do lado das altas, o destaque foi o ovo de galinha, cujos preços subiram 4,36%.

O grupo saúde e cuidados pessoais (1,04%) teve o segundo maior impacto sobre o IPCA-15 deste mês (0,14 percentual), atrás apenas de transportes (0,29 ponto percentual).

No segmento de saúde, a maior contribuição (0,06 ponto percentual) veio dos produtos farmacêuticos (1,86%). O IBGE associou a carestia à autorização do reajuste de até 5,60% nos medicamentos, a partir de 31 de março.

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