Setor logístico ainda identifica incertezas na economia em 2023

Em 2020, muitas empresas sentiram um grande impacto em sua cadeia logística. As fábricas pararam, as pessoas não podiam sair de casa e as lojas físicas precisavam ficar de portas fechadas. Para Roberto Rodrigues, gerente de produtos da Maersk, a pandemia quebrou alguns paradigmas relacionados à logística, deixando de lado a ideia de que era somente “negociação de tarifa”.

“Esse tema tem sido levado para as organizações e tem tido atenção e energia estratégica para olhá-lo. Na nossa percepção, tivemos uma evolução na busca por soluções integradas. Até aquele momento, muitas empresas eram fragmentadas na forma de mover a sua cadeia logística, com a pandemia, com todos os gargalos e bloqueios, houve uma necessidade de desenvolver mais soluções integradas”, afirmou, na última semana, durante o webinar T’endências de logística nos principais setores da economia brasileira em 2023′, promovido pela Maersk.

Para Cristiane Meneghelli, gerente de logística internacional da Intelbras, a pandemia foi uma época muito difícil no sentido de administrar todo volume e demanda que tinham, justamente pela implantação do home office. “Nosso esforço estava no abastecimento e no crescimento da demanda. Imagina, de uma hora para outra, todos estavam trabalhando em casa e precisando se conectar com o mundo, todo mundo correu para se equipar e organizar em casa com a tecnologia”, comentou.

Assim como Piagentini, a gestora prevê um 2023 ainda atrelado ao comportamento pós-pandêmico, com uma demanda por frete e espaço mais estáveis, de olho na sustentabilidade e com altas expectativas no relacionamento. “Nós precisamos de credibilidade por parte dos players para cumprir o combinado, o retrabalho está cada vez menos operante, a gente precisa ser ágil, rápido e você gerar um retrabalho, não faz sentido. Agora, estamos olhando nível de serviço, custo e proposta para ter um player”, destacou.

Marcello Bernabe da Transport Director do Grupo SBF, acredita que ainda há um clima de incerteza, no varejo, para os próximos meses, principalmente, em relação ao modal e a austeridade de custo. De acordo com ele, quando começou a pandemia o varejo físico perdeu muito espaço e isso traz uma dinâmica diferente no mercado, deixando a competitividade ainda mais assertiva. “Em 2020 o varejo sofreu muito com os fornecedores, principalmente porque eles estão localizados na Ásia e por falta de produção, demoramos muito para nos recuperarmos e ainda sentimos alguns reflexos. Grande parte do varejo aumentou mais o fomento e o desenvolvimento da produção local, fomos forçados a fazer isso. É uma dificuldade encontrar o equilíbrio em 2023, ainda é uma incerteza grande, temos pesquisas pessimistas olhando para o segundo semestre de retração ao volume comparado a 2019”, alertou.

De acordo com Douglas Piagentini, gerente de vendas na Maersk, a economia global está com um PIB (Produto Interno Bruto) menor do que esperado, na casa de 2,9% e a expectativa, para 2024, é ter um crescimento de 3,1%. Já na economia da América Latina, a Maersk estima um 2023 com um crescimento menor, na casa de 1,8%, com em 2024 tendo uma melhora na casa de 2,24%. “É uma performance acima dos EUA e da Europa, nesse momento, a abertura da China traz um impacto positivo, principalmente, para o México”, destacou.

No Brasil, a companhia estima um PIB de 0,5 a 1% neste ano e em 2024 um na casa de 1,4%. De acordo com Piagentini, a expectativa é que cada vez mais clientes busquem mais agilidade, mais flexibilidade, com contratos de médio e curto prazo frente “às incertezas que estão chegando no mercado”. “Essa questão da incerteza e protecionismo de algumas economias afeta o mercado local brasileiro e obviamente sustentabilidade é o grande assunto, na Maersk temos nossa agenda de 2040 de zero carbo e vimos que muitos dos nossos parceiros buscam também terem uma agenda”, relembrou o diretor.

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