Dólar sobe em sessão volátil antes de dados de emprego dos EUA

Agenda de indicadores está esvaziada no Brasil, e foco continua nas declarações de membros do governo

Renato Carvalho SÃO PAULO

O dólar sobe frente ao real na manhã desta quinta-feira (6), em meio a volatilidade elevada antes do feriado da Sexta-Feira Santa, quando um importante relatório de emprego norte-americano poderá ajudar a esclarecer a trajetória da política monetária do Federal Reserve.

No Brasil, as reações devem ficar por conta de eventuais declarações de membros do governo, como aconteceu nesta quarta-feira (5), especialmente na Bolsa.

Às 9h48, o dólar à vista avançava 0,46%, a 5,0732 reais na venda, abandonando leves perdas iniciais.

O Ibovespa mostrava pouca variação nos primeiros negócios desta quinta-feira, véspera de feriado, diante de leve queda dos futuros acionários nos Estados Unidos, com dados do mercado de trabalho norte-americano sob os holofotes.

O número de pedidos de auxílio desemprego nos EUA na semana passada veio maior do que o mercado esperava, conforme divulgado nesta manhã. Na sexta-feira, está prevista a publicação do relatório de emprego, com o importante dado de abertura de vagas fora do setor agrícola.

No Brasil, investidores seguem atentos a possíveis anúncios sobre medidas para aumentar as receitas do governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista à Band News TV agora pela manhã.

Às 10h09 , o Ibovespa subia 0,20%, a 101.181,60 pontos. O índice caminha para encerrar a semana com queda de quase 1%.

Nesta quarta-feira (5), a Bolsa fechou em queda com os investidores reagindo principalmente ao anúncio de mudança na política de preços da Petrobras. Segundo analistas, o mercado sempre fica muito sensível a qualquer sinal de interferência política em estatais, especialmente na petroleira.

O dólar também recuou, assim como os juros, influenciados principalmente por dados da economia americana. Os números mostram uma desaceleração maior que a esperada pelos economistas.

O Ibovespa fechou o dia em baixa de 0,88%, a 100.827 pontos. Na mínima do dia, o índice chegou a ficar abaixo dos 100 mil pontos. O dólar comercial à vista caiu 0,66%, a R$ 5,049. É a segunda vez no ano que o dólar fecha abaixo dos R$ 5,05. A primeira vez foi no dia 2 de fevereiro.

Declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre mudança na política de preços dos combustíveis nesta quarta-feira (5) irritaram a cúpula da Petrobras, que se vê sob ataque do ministério desde o início da gestão.

Silveira anunciou em entrevista à Globonews que a estatal alterará sua política comercial após a eleição do novo conselho e chegou a cunhar um nome para o novo modelo, PCI (preço de competitividade interna), que, segundo ele, reduziria o preço do diesel em até R$ 0,25 por litro.

Disse ainda que a Petrobras tem que cumprir sua função social e funcionar como um colchão para amortecer variações abruptas nas cotações internacionais do petróleo, como a motivada pelo corte de produção anunciado por países exportadores no domingo (2).

Executivos ouvidos pela Folha dizem desconhecer a proposta do ministro e reclamam de ingerência do governo na companhia, por descumprir os procedimentos internos de aprovação e divulgação de decisões estratégicas.

No início da tarde, a Petrobras confirmou em nota que “não recebeu nenhuma proposta do Ministério das Minas e Energia” e que eventuais propostas de política de preços “serão comunicadas oportunamente ao mercado, e conduzidas pelos mecanismos habituais de governança interna da companhia”.

A reação da companhia às declarações do ministro ajudaram as ações a reverter a tendência de queda apresentada desde o início do dia, e aliviaram a pressão sobre o Ibovespa. Os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras subiram 0,14% e 0,32%, respectivamente.

Mas a Bolsa local sofre também com o aumento das preocupações com uma recessão da economia dos Estados Unidos.

Os impactos são sentidos especialmente por empresas exportadoras. A ação ordinária da Vale recuou quase 1,5%, e a ordinária da Suzano caiu mais de 3%.

Um dado americano que chamou a atenção do mercado nesta quarta-feira foi o levantamento PMI do setor de serviços. Ele é medido em pontos, e quando fica acima de 50, indica expansão. Abaixo deste patamar, aponta retração.

O mercado de trabalho também registrou forte desaceleração em março. O relatório ADP, que mostra como está a criação de vagas no setor privado americano, registrou a abertura de 145 mil postos de trabalho em março, ante 261 mil em fevereiro.

Os indicadores divulgados nesta quarta-feira levam a uma chance maior, segundo economistas, de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) faça uma pausa no ciclo de alta dos juros.

Mas Loretta Master, presidente do Fed de Cleveland, reforçou que os juros devem subir mais e ficar em patamares elevados por mais tempo, para levar a inflação à meta de 2% ao ano. Para analistas, os dados de inflação que serão anunciados na próxima semana terão peso importante na próxima reunião para decisão sobre juros, em maio.

Em Nova York, os receios de que o país esteja perto de uma recessão pesaram mais que a perspectiva de pausa na alta dos juros. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,24%. Mas os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,25% e 1,07%, respectivamente.

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