PIB sobe 0,4% no 3º trimestre, mas perde ritmo
Mesmo com desaceleração, atividade econômica alcança recorde da série iniciada em 1996, diz IBGE
O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil avançou 0,4% no terceiro trimestre deste ano, frente aos três meses imediatamente anteriores, informou nesta quinta-feira (1º) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado é o quinto positivo em sequência, mas mostra uma perda de fôlego da atividade econômica em meio a um cenário de juros altos.
A variação de 0,4% também ficou abaixo das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam elevação de 0,6%.
Apesar do desempenho aquém do esperado, o PIB alcançou o maior patamar da série histórica, iniciada em 1996, disse o IBGE.
Após revisar seus dados, o instituto concluiu que o indicador já havia registrado, no segundo trimestre de 2022, um nível superior ao do início de 2014, antes de a economia perder força e embarcar em recessão.
Agora, com a nova alta de julho a setembro, a atividade econômica renovou a máxima da série. O PIB também ficou 4,5% acima do patamar pré-pandemia, do quarto trimestre de 2019.
O avanço de 0,4% veio após crescimento de 1% no segundo trimestre deste ano, conforme dados revisados pelo IBGE. Inicialmente, a alta de abril a junho havia sido calculada em 1,2%.
O PIB mede a produção de bens e serviços no país a cada trimestre. Em valores correntes, alcançou R$ 2,544 trilhões de julho a setembro. O avanço do indicador é usualmente chamado de crescimento econômico.
terceiro trimestre foi marcado pela corrida eleitoral no país. Às vésperas do pleito de outubro, o governo Jair Bolsonaro (PL) buscou estimular a economia a partir de medidas como a ampliação do Auxílio Brasil para R$ 600 e os cortes tributários sobre os combustíveis.
A atividade ainda foi beneficiada pela reabertura após as restrições na pandemia. A vacinação contra a Covid-19 permitiu a volta de parte do setor de serviços, o principal da economia pela ótica da oferta.
Bares, restaurantes, hotéis, academias de ginástica, salões de beleza, comércios e instituições de ensino fazem parte desse segmento.
No terceiro trimestre, a variação positiva de 0,4% do PIB foi influenciada pelos resultados dos serviços (1,1%) e da indústria (0,8%). A agropecuária, por outro lado, recuou 0,9%.
Nos serviços, que respondem por cerca de 70% da economia, os destaques foram informação e comunicação (3,6%), com alta de serviços de desenvolvimento de software e internet, atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%) e atividades imobiliárias (1,4%).
O segmento de outras atividades de serviços (1,4%), que representa cerca de 23% do total de serviços e inclui, por exemplo, alojamento e alimentação, também cresceu.
“As outras atividades de serviços já vêm se recuperando há algum tempo, com a retomada de serviços presenciais que tinham demanda represada durante a pandemia”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
A inflação elevada, por outro lado, forçou o BC (Banco Central) a elevar os juros. O aperto monetário, aliás, já impacta a atividade, porque encarece o consumo de bens e serviços, dizem analistas. Outros riscos vêm do cenário externo.
“As principais economias globais, como Estados Unidos, Europa e China, estão desacelerando fortemente. Quando o mundo tem baixo crescimento, dificilmente o Brasil segue um caminho diferente. O preço das commodities também começou a cair”, afirmou em relatório a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.
“O que devemos ver é um PIB andando de lado, podendo, inclusive, ficar negativo no quarto trimestre. Nossa previsão é que o PIB de 2022 cresça 2,3%, mas com viés de alta. Para 2023, vemos uma economia com crescimento perto de zero”, acrescentou.
O mercado financeiro projeta alta de 2,81% para o PIB no acumulado de 2022, conforme a mediana do boletim Focus, divulgado na segunda-feira (28) pelo BC.
Para o ano de 2023, o primeiro do novo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a expectativa é de um avanço mais modesto, de 0,70%, segundo a mesma publicação.
Analistas ainda aguardam definições sobre a condução da área econômica na gestão petista. O mercado financeiro já demonstrou tensão ao enxergar riscos fiscais com possíveis gastos no novo governo.
CÁLCULO DO PIB
Produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos, impostos e até contrabando. Esses são alguns dos componentes do PIB, calculado pelo IBGE, de acordo com padrões internacionais.
O objetivo é medir a produção de bens e serviços no país em determinado período.
O indicador mostra quem produz, quem consome e a renda gerada a partir dessa produção. O crescimento do PIB (descontada a inflação) é frequentemente chamado de crescimento econômico.
O levantamento é apresentado pela ótica da oferta (o que é produzido) e da demanda (como esses produtos e serviços são consumidos). O PIB trimestral é divulgado cerca de 60 dias após o fim do período em questão.
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