Nova regra fiscal teria economizado R$ 64 bi ao ano, estimam analistas
Cálculo considera despesas e resultado primário do governo central para o período de 2011 a 2022
A nova regra fiscal, apresentada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na semana passada, teria gerado uma economia de R$ 775,3 bilhões ou de R$ 64,6 bilhões ao ano, a preços constantes de 2022.
A estimativa é do economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto e do analista Josué Pellegrini. Para o cálculo, eles consideraram os efeitos que o novo arcabouço fiscal teria tido sobre a evolução das despesas e do resultado primário do governo central no período de 2011 a 2022.
Em nota divulgada a clientes da assessoria de investimentos nesta segunda-feira (3), eles observam que no período de 2011 a 2022, as despesas cresceram a uma média anual de 2,5% em termos reais. Já a receita cresceu a uma média anual de 1,4%.
Também lembram que a nova regra proposta na semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê que a despesa primária deverá crescer à razão de 70% da taxa de crescimento real da receita líquida passada, mas flutuando entre 0,6% e 2,5%, em termos reais.
Na simulação que eles fizeram, para o período de 2011 a 2022, a taxa de variação do gasto foi substituída pela calculada a partir da regra de 70% do crescimento real da receita líquida primária.
Eles também consideraram a variação real da receita líquida acumulada até junho do ano anterior para obter o limite para a despesa. Quando a despesa superou 2,5% ou ficou abaixo de 0,6%, como prevê a regra de Haddad, esses limites foram aplicados.
“O resultado é que a taxa de crescimento real anual média das despesas teria sido 40% menor do que o quadro efetivamente observado.”
Em valores correntes, eles chegaram a uma economia acumulada no período de R$ 592,5 bilhões ou R$ 49,4 bilhões ao ano. A preços de 2022, de R$ 775,3 bilhões ou R$ 64,6 bilhões ao ano.
Uma crítica que tem sido feita ao novo conjunto de regras que irá substituir o teto de gastos é a da dependência de aumento da carga tributária, dizem os analistas.
“Na verdade, a regra de gastos determina, por construção, que a despesa crescerá sempre a uma taxa 30% menor do que a taxa de variação da receita líquida. Também uma meta de [resultado] primário ambiciosa precisará ser cumprida e, aqui, cabe a discussão de como atingi-la nos dois primeiros anos, principalmente.”
Salto considera que para eliminar o déficit primário já no ano que vem, seria preciso um esforço fiscal adicional de cerca de R$ 105 bilhões em 2024.
“O ministro Fernando Haddad fez um anúncio prévio de que estabelecerá a tributação sobre jogos eletrônicos, com estimativa de R$ 12 bilhões anuais”, segue a nota.
No governo, também são discutidas medidas no campo dos gastos tributários, objetivo que esbarra na dificuldade de modificar benefícios antigos, dizem os analistas.
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!