Gigante de pneus e entidades querem reativar borracha no Amazonas

BNC – 06/03/2023 16:50 – Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília – Foto: Cristian Braga/WWF-Brasil

Manaus sedia o primeiro encontro estadual do extrativismo da borracha, com seringueiros e associações

A líder mundial de fabricação de pneus, Michelin, entidades como WWF-Brasil e um grupo de organizações não-governamentais, com apoio do Governo do Amazonas, estão empreendendo uma luta em favor do extrativismo. Querem reativar a cadeia produtiva da borracha no estado.

A iniciativa “Juntos pelo extrativismo da borracha amazônica” já promoveu o aumento da renda de famílias extrativistas. Logo no primeiro ano do projeto, a iniciativa acumulou resultados de impacto em comunidades que não atuavam mais no extrativismo da borracha. Desde então, essas comunidades puderam retomar à atividade e alcançar uma produção de mais 60 toneladas de borracha comercializada na safra 2022. A extração do látex é feita no segundo semestre, na temporada seca.

E é com o objetivo de fortalecer essa cadeia de borracha nativa da Amazônia, Manaus vai sediar entre os dias entre os dias 7 e 9 de março, o primeiro encontro estadual do extrativismo da borracha. O encontro reunirá seringueiros para avaliação da safra do ano passado e planejamento de atuação em 2023.

As atividades vão reunir seringueiros de sete associações com produção na última safra dos municípios amazonenses de Pauini, Canutama, Eirunepé, Manicoré e Itacoatiara.

Além deles, também foram convidados extrativistas de outros municípios interessados em ingressar na iniciativa, como os seringueiros de Apuí, Boca do Acre, Tefé e Santarém, do Pará.

O evento contará com a presença de representantes dos governos municipais, do Governo do Estado e de instituições que atuam na iniciativa, como Memorial Chico Mendes, Conselho Nacional das Populações Extrativista, Plataforma Parceiros pela Amazônia, Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Michelin Brasil e Singapura e do WWF-Brasil e WWF-França.

Juntas, essas instituições têm atuado no Amazonas com foco na reativação da cadeia da borracha no estado. Nosso objetivo é desenvolver uma relação comercial justa, responsável e inclusiva, justamente porque acreditamos no potencial do extrativismo para a conservação da floresta em pé e para a valorização da cultura dos povos e populações tradicionais, disse Adevaldo Costa, presidente do Memorial Chico Mendes responsável pela implementação do projeto no território.

Dessa forma, o que está sendo chamado de “grande encontro estadual do extrativismo da borracha” começa nesta terça-feira (7) e vai até quinta-feira (9), das 8h30 às 18h, na Inspetoria Missionária Laura Vicuña (avenida André Araújo, 2.230, Petrópolis, Manauus).

Iniciativa sustentável

O projeto Juntos pelo extrativismo da borracha amazônica já nasceu de uma parceria entre a fundação Michelin e a rede WWF. De acordo com as entidades promotora da iniciativa, aproximadamente 250 famílias de seringueiros trabalharam diretamente na produção de borracha, gerando renda para essas famílias em uma transação que movimentou mais de R$ 700 mil.

São iniciativas como esta, ambientalmente responsáveis, socialmente equilibradas e financeiramente viáveis, que colaboram e nos guiam em direção a um futuro, a cada dia mais, sustentável, afirmou Bruna Mesquita, especialista em desenvolvimento sustentável da Michelin.

A partir do início das atividades, o escritório brasileiro da Michelin – líder do segmento de pneus – passou a se integrar a esse processo para a compra da borracha extraída de seringueiras nativas. Sediada em Clermont-Ferrand (França), a Michelin está presente em 177 países, emprega mais de 124.760 pessoas em todo o mundo e dispõe de 68 centros de produção implantados que fabricaram cerca de 173 milhões de pneus em 2021.

Remuneração justa

Para fortalecer as sete associações, a iniciativa “Juntos pelo Extrativismo da Borracha Amazônica”, conseguiu viabilizar uma porcentagem por quilo de borracha produzida para cada associação, que nessa safra chegou a mais de R$ 100 mil, além do apoio com suporte jurídico, contábil, logístico e de compras no relacionamento entre associações, seringueiros e organizações privadas.

A remuneração diária dessas famílias foi de aproximadamente R$ 70,00 e a expectativa é que no próximo ano esse valor chegue a R$ 90,00 com o aumento da produtividade por árvore e investimentos em implementos necessários à produção de borracha.

Além disso, as instituições públicas têm se envolvido no processo dando apoio para a realização das operações logísticas nas comunidades, regularização fiscal para acesso ao subsídio estadual de R$ 2,00 por cada quilo de borracha produzida e aquisição de kits para extração.

A iniciativa gerou renda para as famílias da região e contribuiu de forma positiva para a valorização da floresta como um dos pilares de uma nova economia amazônica baseada no uso e preservação da sociobiodiversidade. Esperamos que esse encontro seja um marco no estado na consolidação da cadeia da borracha, disse Ricardo Mello, gerente de conservação do WWF-Brasil.

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