Aperam suspende investimentos em Timóteo por causa da invasão de aço chinês
/0 Comentários/em Últimas Notícias /por AbidipSetor siderúrgico está suspendendo investimentos em produção no Brasil por causa da concorrência do aço da China; Usiminas e Gerdau já anunciaram efeitos sobre empregos
Mais um grupo siderúrgico no Brasil anuncia efeito em suas atividades em função da alta da importação de aço, principalmente da China. A Aperam anunciou nesta quinta-feira (7/12) que suspende projetos de investimento devido ao excedente de aço importado no mercado brasileiro. “Em vista do momento de adversidade enfrentado pela indústria siderúrgica brasileira, com o excesso de aço importado no mercado e a queda nas vendas, a Aperam South America informa que decidiu postergar a terceira fase de seu plano de investimentos previsto para 2024/2025, um investimento extremamente alto”, disse comunicado da empresa.
No fim de novembro, a Usiminas confirmou efeitos da alta de importação de aço em seus negócios, o que levou a empresa a deixar de abrir cerca de 600 vagas de emprego em Ipatinga, também no Vale do Aço. A siderúrgica afirma, ainda, que estuda desligar o alto-forno 1, como forma de adequar a produção a esse cenário.
Em entrevista dada a O TEMPO no fim de setembro deste ano, o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, disse que duas unidades produtivas do grupo, uma em Caucaia (CE) e outra em Mogi das Cruzes (SP), estavam paradas para ajustar produção e demanda, que foram afetadas pela importação de aço da China. Cerca de 600 dos 20 mil trabalhadores da Gerdau estavam, na ocasião, com contrato suspenso. Por diversas ocasiões, o executivo informou que planos de investimentos da empresa e contratações estão ameaçados pela “importação predatória”.
Ayres Lima acredita que a entrada massiva de aço chinês no mercado brasileiro em 2023 associada à redução da demanda devido à desaceleração econômica mundial está asfixiando o setor siderúrgico nacional. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil, somente em setembro deste ano, as importações de aço da China cresceram 133,8% em relação ao mesmo mês de 2022, atingindo, assim, 549 mil toneladas.
“Em específico no caso dos aços inoxidáveis e elétricos, que são o carro-chefe da Aperam, as importações cresceram 18% no primeiro semestre do ano em relação ao 1º semestre do ano anterior. No entanto, o número excessivo de produtos chineses no mercado, a política predatória de preços e a demanda reduzida representaram uma queda de mais de US$ 800 por tonelada nos preços internacionais, comprometendo seriamente os projetos de longo prazo da empresa. O problema não é novo, já que as importações de aço inoxidável nos últimos quatro anos cresceram 128%”, informou a companhia.
O Diretor-Presidente da Aperam South America classifica a situação como “muito séria e insustentável”, portanto, é uma grande ameaça à continuidade da produção nacional. Ele lembra que países como EUA, México, membros da União Europeia — e, possivelmente, o Chile agora — adotaram medidas para combater o comércio desleal chinês que “claramente causa um desvio de volumes de material para países como o Brasil.” O setor pede que o governo brasileiro imponha sobretaxa nas importações de aço da china, de 25%, a exemplo dos países citados.
Ayres Lima salienta que a Aperam é altamente favorável ao livre mercado internacional, mas a agressividade chinesa que, “por sua vez, ignora as regras da Organização Mundial do Comércio”, tem minado a possibilidade da participação em mercados ao redor do globo como resultado da adoção de medidas protetivas, como a Seção 232 dos EUA, que estabelece um freio no volume de produtos que o Brasil pode exportar. “Isto torna ainda mais importante que o governo federal adote medidas urgentes para salvaguardar toda uma indústria comprometida com o país, com investimentos previstos de R$ 63 bilhões, segundo o Instituto Aço Brasil, para os próximos quatro anos”, afirma o Diretor-Presidente da Aperam South America.
Cálculos realizados pela entidade indicam que o volume de 4,98 milhões de toneladas de aço importado em 2023 representa, para o país, uma perda de arrecadação de R$ 2,8 bilhões e de 248.225 mil empregos, que estão sendo deslocados para os países produtores desse aço. A perda de faturamento nas usinas de aço chega a R$ 30,6 bilhões, pelos cálculos da entidade.
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