Cresce movimentação de cargas em terminais privados em relação aos públicos

Porto de Navegantes: melhor desempenho de prancha média

Portos e Navios – Marjorie Avelar – 

Trânsito de contêineres nos TUPs teve alta de 0,3% no 1º semestre, enquanto nos terminais portuários públicos caíram 4,55%, segundo dados da ATP. Com investimentos em infraestrutura e equipamentos, Portonave e Porto Itapoá melhoram desempenho

A desaceleração da economia mundial, com destaque para as adversidades enfrentadas pela China, o principal parceiro do Brasil, em decorrência dos efeitos da maior crise sanitária vivenciada em todo o mundo, trouxe impactos para os embarques e desembarques de cargas nos terminais portuários brasileiros.

Mesmo diante de um cenário ainda instável, a movimentação dos Terminais de Uso Privado (TUPs) de contêineres cresceu 0,3% (em TEU bruto) no primeiro semestre de 2022, chegando à marca aproximada de 376 milhões de toneladas, enquanto a movimentação nos portos públicos sofreu uma queda de 4,55%. É o que apontou a Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), em análise exclusiva à Portos e Navios.

Conforme a instituição, dentre os 28 TUPs de contêineres avaliados, outros indicadores também se destacaram, como o aumento da eficiência portuária relacionada à prancha operacional média, que mede quantas unidades de contêineres foram movimentadas por hora, durante a operação. Esse número deu um salto de 51,8 para 57,3 unidades por hora; e o tempo médio para início da operação caiu de 1,7 para 1,5 hora, indicando maior agilidade desses terminais.

O Porto de Navegantes (Portonave), em Santa Catarina, alcançou o melhor desempenho da prancha média operacional, entre os terminais portuários que movimentam carga conteinerizada no Brasil, chegando a 89 unidades por hora, no primeiro semestre, além de ter incrementado em 4,23% o número de mercadorias embarcadas em toneladas.

À Portos e Navios, o gerente operacional da Portonave, Emanuel Silveira Jorge, atribuiu o resultado aos trabalhadores portuários: “Nossos profissionais merecem todo o reconhecimento pelos bons números de produtividade. O empenho, a dedicação e o comprometimento de cada um tem sido fundamental para atingirmos essa marca. Também é importante frisar o grande empenho das demais áreas da empresa que, como suporte, têm fornecido todas as ferramentas necessárias para esse bom desempenho”.

Segundo Jorge, o porto catarinense conquistou no semestre a marca de 10 milhões de TEUs movimentados desde o início das operações em 2007: “Atualmente, já passamos para a casa dos 10,6 milhões e seguimos rumo aos 11 milhões, com compromisso e eficiência”.

Tempo médio do navio atracado

Ainda conforme a análise da ATP, também foi observada uma queda no tempo médio do navio atracado, devido a dois fatores: menor quantidade movimentada, tornando a operação mais curta; e maior eficiência do porto, que também opera de forma mais rápida. Nesse sentido, o tempo médio do navio atracado deve ser analisado em conjunto com a consignação média dos navios, ou seja, à quantidade média de TEUs por embarcação.

A Associação de Terminais Portuários Privados também indicou um aumento da consignação média dos TUPs, entre janeiro e junho deste ano, de 1.238 para 1.247 TEUs por navio, além de uma redução do tempo médio atracado de 18,8 para 17,5 horas, graças à maior produtividade e eficiência desses terminais.

Destaques

Os Terminais de Uso Privado apresentaram uma movimentação de mais de 376 milhões de toneladas (64,8%, do total movimentado), com destaque para o Terminal Aquaviário de Madre de Deus/Transpetro (BA), que registrou um crescimento de 41,37%; seguido pela Estação Cianport Miritituba (PA), com um incremento de 30,5%; e pelo Terminal Vila do Conde/ Hidrovias do Brasil (PA), com alta de 27,38%.

O perfil de cargas com maior crescimento, dentro dos TUPs, foi o de carga geral com acréscimo de 14,26%, no primeiro semestre deste ano em comparação a igual período de 2021. A celulose foi a mercadoria de maior expansão dentro desse perfil (+10,8%) com ênfase para o DPWorld Santos (SP), que cresceu 27,4%; Portocel (ES), que registrou alta de 7,5%; e o CMPC Guaíba (RS), que alcançou um incremento de 6,8%.

O chamado Arco Norte ou Arco Amazônico, que inclui o Porto do Itaqui (MA), também chamou atenção com crescimento de 12, 95% na movimentação de soja e milho, com destaque para o Terminal de Vila do Conde/Hidrovias do Brasil (+31,9%), Porto do Itaqui (+21,9%) e o Terminal de Grãos de Ponta da Montanha (TGPM), no Pará (+7,33).

Os dados da ATP são referentes ao primeiro semestre de 2022 e sua linha de corte foi de, pelo menos, um milhão de toneladas movimentadas.

Investimentos

Ainda segundo a análise da Associação de Terminais Portuários Privados, os números refletem os investimentos feitos pelos TUPs, nos últimos anos. “Para a melhoria da produtividade do setor, muitos terminais investem em novos equipamentos e, por isso, a luta é pelo uso do reporto, que viabiliza as importações e reduz o custo das nossas operações”, disse Luciana Guerise, diretora executiva da ATP.

Entre os terminais portuários que investiram em novos equipamentos está o Porto de Navegantes (Portonave), que comprou quatro novas empilhadeiras do tipo “Empty Container Handler” (empilhadeira de contêiner vazio). Entregues em março deste ano, esses equipamentos possuem câmeras 360°, sensores de alerta de colisão, sistema de combate incêndio automático, gaiola de proteção na cabine e dispositivo para detecção de ingestão de álcool. Como aparato tecnológico, os maquinários apresentam dispositivos mais modernos, que visam reduzir custos de manutenção, como os sistemas de lubrificação automática e de monitoramento de pressão de pneus.

“Hoje em dia, a tecnologia ganha cada vez mais espaço na indústria portuária. Além de seguirmos padrões internacionais de mercado, acreditamos que parte dos resultados alcançados ao longo dos anos, foo oriunda dos equipamentos de ponta que sempre utilizamos”, disse o gerente de Manutenção da Portonave, Marcelo Diniz, na ocasião da entrega das empilhadeiras.

Finalizada 1ª etapa do pátio do Porto Itapoá

O desempenho do Porto Itapoá, observado no primeiro semestre de 2022, também deve ampliar nos próximos meses, após a finalização da primeira etapa da expansão, em 50 mil metros quadrados, do pátio do terminal portuário. Entregue pela construtora Piacentini no último dia 15 de agosto, atualmente o espaço tem a capacidade estática de sete mil contêineres, aproximadamente.

Agora a previsão é de que, em 60 dias, o local esteja totalmente liberado para a operação, após passar pelos trâmites e autorizações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e da Receita Federal.

Presidente do Porto Itapoá, Cássio Schreiner lembrou que as obras, iniciadas em fevereiro deste ano, seguem o cronograma planejado. “Ficamos bastante contente de ter esse importante incremento em nossa operação, pois sabemos o significado que terá tanto para nós, como para nossos clientes”, comentou em nota à Portos e Navios.

Com orçamento previsto em R$ 750 milhões, a expansão do pátio terá continuidade com a construção de mais 150 mil metros quadrados, chegando a 450 mil metros quadrados de área total, na fase final de toda obra. Quando estiver concluído, o espaço possibilitará o trânsito de quase o dobro da movimentação atual de contêineres.

O Porto Itapoá também está investindo em outras áreas de infraestrutura, após comprar mais cinco RTGs (também conhecidos como “transtainers”) – um guindaste móvel sobre pneus, próprio para a movimentação de contêineres no pátio. Esses novos equipamentos serão operados por controle remoto, o que levará o terminal portuário a ser o primeiro do Brasil a implantar essa tecnologia. A entrega dessas máquinas está prevista para janeiro de 2023.

A administração do Porto Itapoá também adquiriu duas novas empilhadeiras reach stacker – já em operação –, que serão empregadas nas operações no pátio do terminal, como o intuito de potencializar o atendimento entre o navio e esse espaço, complementando as operações com o RTG. Ainda comprou nove caminhões “terminal tractors” (TTs), além de nove buggies (carretas dos TTs, que também já chegaram).

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