CantuStore: faturamento bilionário vendendo pneus pela internet
Empresa que começou com investimento de R$ 300 mil vai faturar R$ 3 bilhões vendendo pneu de bicicleta, carro, moto, caminhão e até avião
A CantuStore, dona do maior e-commerce de pneus do Brasil, a PneuStore, deve fechar 2023 com um faturamento superior a R$ 3 bilhões – um aumento de mais de 40% com relação a 2022. O crescimento é resultado de uma estratégia que começou a ser desenhada nos últimos anos, quando a empresa chegou a se preparar para um IPO.
A abertura de capital não aconteceu, mas a companhia encontrou outras formas de financiar seu crescimento: R$ 400 milhões em emissão duas debêntures e um aporte de R$ 600 milhões do fundo L Catterton. “E estamos estruturando mais uma operação de mercado de capitais para este ano”, afirma Beto Cantu, fundador e CEO da CantuStore e convidado do podcast/videocast Do Zero ao Topo nesta semana.
Com dinheiro em caixa, a empresa tem ido às compras. Adquiriu, em junho, a Gripmaster, com faturamento de R$ 200 milhões. O negócio, que foi feito com troca de ações e dinheiro, incorporou dois dos fundadores na operação da CantuStore. Em janeiro, a empresa internacionalizou suas operações, com a aquisição da Digitire, que comercializa pneus de caminhão na Costa Leste dos Estados Unidos. Também abriu um escritório em Luxemburgo para gerenciar suas operações internacionais. E outras negociações estão na mesa.
Planos engavetados – por enquanto
Em 2021, a CantuStore estava preparada para abrir seu capital, mas o plano acabou adiado. “Costumo dizer que a gente ‘errou na mosca’: protocolamos nosso pedido de abertura de capital na CVM bem no dia que foi votada a PEC dos Precatórios”, lembra. Desde então, a janela para aberturas de capital na Bolsa começou a se fechar. Sem a possibilidade de recorrer a investidores pessoa física, a empresa costurou um acordo com a gestora de private equity L Catterton. A gestora ficou com uma participação minoritária e assentos no conselho e assinou um cheque de R$ 600 milhões para a empresa – o maior investimento da gestora em uma companhia da América Latina.
Para a empresa, o fundo, que também é parceiro do grupo de luxo LVMH, traz a experiência em M&As, construção de marca e estruturação de tese de investimento para um futuro IPO. “Quando um fundo entra, é ‘que seja eterno enquanto dure esse amor’. Sabemos que eles vão querer sair em algum momento e a companhia precisa estar sempre pronta para um IPO”, afirma Cantu.
Um negócio que surgiu de outro
Com tradição no empreendedorismo e na logística, a família de Beto, de Pato Branco, no Paraná, tinha uma empresa de importação, distribuição e transporte de alimentos. Embora os negócios estivessem indo bem, a unidade de transportes precisava de um turnaround. Olhando os gastos da companhia – e procurando formas de reduzi-los, Beto chegou ao custo de pneus. “O terceiro maior custo da empresa era com pneus. Só ficava atrás de folha de pagamento e combustível”.
Vendo a oportunidade de um novo negócio, Beto rodou o mundo atrás de modelos de negócio e fornecedores, reuniu R$ 300 mil e abriu, em 2006, um negócio de importação de pneus em Itajaí, em Santa Catarina. A mudança de estado, ele explica, aconteceu por uma série de fatores como custos e incentivos ao empreendedorismo. “Santa Catarina é um estado muito pró-negócio”, afirma. Depois desse investimento inicial, não foi necessário fazer nenhum outro investimento no negócio, que passou a crescer em dois dígitos todos os anos.
Menos de dois anos depois, a empresa atingiu um primeiro grande marco: um faturamento mensal de R$ 10 milhões. “No mesmo mês que batemos os R$ 10 milhões, começou a crise financeira mundial e o Brasil implementou uma taxa antidumping em cima dos produtos que a gente importava da Ásia. Foi uma conjunção de problemas: em um mês o dólar disparou, a demanda caiu e nosso custo aumentou”, relembra Beto. Mas, como o fundador prefere olhar o lado positivo, a crise, afirma, serviu para a empresa tomar três atitudes importantes que a levaram a destravar o crescimento: 1) diversificação de fornecedores; 2) mudança de modelo de negócio e amplificar o seu público; e 3) construção de uma estrutura de gerenciamento de riscos. “Com isso, na pandemia, triplicamos nosso tamanho”, afirma.
Agora, a CantuStore é uma holding que controla a CantuPneus, seu braço de importação e distribuição, e a PneuStore, de vendas, e possui mais de 50 armazéns espalhados por 22 estados e atende frotistas, consumidores finais e outros revendedores. “Pneu é algo que ninguém planeja comprar. Então, quando precisa [do produto] tem que parcelar o preço e precisa que a entrega seja rápida”, afirma. “Conseguimos entregar em 90% do PIB brasileiro em 24 horas”, diz Beto, que estima que de cada 10 pneus vendidos no Brasil, quatro sejam comercializados pela sua empresa.
As avenidas de crescimento (e as ‘pedras’ no caminho) da CantuStore são o tema do episódio desta quarta-feira (27) do podcast Do Zero ao Topo. O programa está disponível em vídeo no YouTube. O programa também está disponível nas principais plataformas de streaming como ApplePodcasts, Spotify, Deezer, Spreaker, Google Podcast, Castbox e Amazon Music.
O programa já recebeu nomes como o Fernando Simões, do Grupo Simpar; Stelleo Tolda, um dos fundadores do Mercado Livre; o empresário Abílio Diniz; Rodrigo Galindo, chairman da Cogna; Paulo Nassar, fundador e CEO da Cobasi; Mariane Morelli, cofundadora do Grupo Supley; Luiz Dumoncel, CEO e fundador da 3tentos; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; e contou dezenas de histórias de sucesso. Confira a lista completa de episódios do podcast neste link.
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