Taxa de juros sobe 0,25 ponto percentual na zona do euro e atinge recorde

Projeção de inflação sobe para 2024, e a do PIB cai

Francesco Canepa e Balazs Koranyi – FRANKFURT (ALEMANHA) | REUTERS

O BCE (Banco Central Europeu) elevou sua taxa básica de juros a um índice recorde na quinta-feira (14) e sinalizou que esse provavelmente será seu último movimento na batalha de mais de um ano para derrubar a inflação.

O banco central dos 20 países que compartilham o euro também aumentou suas previsões para a inflação, que agora espera que caia mais lentamente em direção à sua meta de 2% nos próximos dois anos, ao mesmo tempo em que reduziu suas expectativas para o crescimento econômico.

A instituição subiu a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, de 3,75% para 4%, e atingiu um índice recorde desde a criação do euro em 1999. O anúncio foi feito em reunião na manhã desta quinta-feira (14).

É a décima vez consecutiva que a entidade opta por elevar a taxa na tentativa de combater a inflação.

A decisão ilustrou o dilema que o BCE enfrentou na reunião, com os preços ainda subindo a mais do que o dobro de sua meta, mas com a atividade econômica enfrentando dificuldades devido aos altos custos de empréstimos e à desaceleração na China.

Diante desse cenário, o BCE enviou uma mensagem clara de que provavelmente já terminou de aumentar os juros.

“Com base em sua avaliação atual, o Conselho do BCE considera que as taxas de juros básicas atingiram níveis que, mantidos por um período suficientemente longo, darão uma contribuição substancial para o retorno oportuno da inflação à meta”, disse o BCE.

A expectativa agora é de que isso ocorra mais lentamente do que na época das projeções anteriores do BCE, em junho, com a inflação passando a ser em 5,6% em 2023, 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025.

O aumento da estimativa para 2024 – que havia sido relatada pela Reuters anteriormente – provavelmente desempenhou um papel importante nas discussões, já que os autoridades de política monetária avaliaram o risco de a inflação, atualmente ainda acima de 5%, ficar presa em um nível elevado.

Há apenas 14 meses, essa taxa estava em uma mínima recorde de -0,5%, o que significa que os bancos tinham que pagar para manter seu dinheiro em segurança no banco central.

Os mercados e os economistas esperam que essa medida de aperto da política seja a última do BCE e agora antecipam uma pausa prolongada, seguida por cortes nas taxas no segundo semestre do próximo ano.

As perspectivas de crescimento estão desaparecendo rapidamente, em parte devido às taxas de juros mais altas, e até mesmo os serviços – há muito tempo o ponto positivo do bloco – começaram a enfraquecer, aumentando o risco de a economia entrar em recessão.

As novas projeções econômicas do BCE refletem essas mudanças e podem alimentar temores de estagflação, onde um período de estagnação econômica é acompanhado por alta inflação.

O BCE prevê que a inflação deve ser de 3,2% no próximo ano, um aumento de 0,2 ponto percentual em relação há três anos. Ao mesmo tempo, as projeções de crescimento da economia foram reduzidas para 0,7% para este ano e 1,0% para 2024.

“A inflação continua a diminuir, mas ainda se espera que permaneça muito alta por muito tempo”, acrescentou o BCE. “O conselho de governadores está determinado a garantir que a inflação retorne ao seu objetivo de médio prazo de 2% de forma oportuna.”

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