PIB do Brasil fecha 2023 com alta de 2,9%, mas fica estagnado no segundo semestre

Economia nacional tem desempenho nulo (0%) nos dois últimos trimestres do ano, diz IBGE

Leonardo VieceliEduardo Cucolo RIO DE JANEIRO e SÃO PAULO

economia brasileira fechou o ano de 2023 com crescimento acumulado de 2,9%, apontam dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado ficou levemente abaixo da mediana das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam alta de 3%.

Os dados do IBGE também confirmam uma desaceleração da atividade econômica no segundo semestre, após o impulso da agropecuária, concentrado no início do ano.

Considerando somente o quarto trimestre de 2023, o PIB ficou estagnado (0%) em relação aos três meses imediatamente anteriores, disse o IBGE. Nesse recorte, a expectativa mediana de analistas era de variação de 0,1%, conforme a Bloomberg.

O ano de 2023, o primeiro do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi marcado pela ampliação da safra agrícola. Assim, o PIB contou com impulso da agropecuária no início do ano passado.

Puxada pela soja e pelo milho, a agropecuária cresceu 15,1% e bateu recorde no acumulado de 2023, segundo o IBGE. A série histórica começa em 1996.

“A agropecuária teve papel fundamental na economia brasileira”, afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Os serviços (2,4%) e a indústria (1,6%) também avançaram no período. Dentro da indústria, o instituto ressaltou a influência positiva das indústrias extrativas. A atividade teve alta de 8,7% devido ao aumento da extração de petróleo, gás natural e minério de ferro.

Pela ótica da demanda, o destaque veio do consumo das famílias, que avançou 3,1% em relação a 2022.

Palis disse que esse resultado teve influência da melhora das condições do mercado de trabalho, com aumento da ocupação e da massa salarial real, além do arrefecimento da inflação.

“Os programas de transferência de renda do governo colaboraram de maneira importante no crescimento do consumo das famílias, especialmente em alimentação e produtos essenciais não duráveis”, acrescentou a pesquisadora.

O patamar elevado dos juros, por outro lado, representou um entrave para um avanço maior do consumo. O ciclo de cortes da taxa básica, a Selic, só teve início em agosto.

Ao final de 2022, o mercado financeiro esperava um crescimento de apenas 0,8% para o acumulado de 2023, conforme a mediana do boletim Focus, divulgado pelo BC (Banco Central). As previsões foram ajustadas para cima ao longo do ano.

CENÁRIO DE DESACELERAÇÃO EM 2024

Para o PIB de 2024, a expectativa, por ora, é de desaceleração. Analistas do mercado projetam um avanço de 1,75%, segundo a mediana da edição mais recente do Focus, publicada na terça (27) pelo BC.

As estimativas, contudo, vêm subindo. Ao final de 2023, por exemplo, o mercado esperava um crescimento de 1,52% para o PIB de 2024.

Neste ano, a atividade econômica não deve contar com o mesmo impulso da agropecuária, já que fenômenos climáticos extremos jogam contra a produção no campo. O Brasil viveu episódios como ondas de calorseca e tempestades em regiões produtoras nos últimos meses.

Os juros, por outro lado, estão em ciclo de queda. O corte é visto como possível estímulo para o consumo em 2024, incluindo o de bens de maior valor agregado, dependentes de financiamentos.

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