Onda de calor na China leva a recorde de consumo elétrico e gera blecautes

Com aumento do uso de ar-condicionado, setor energético pede liberação de reservas de carvão

PEQUIM | REUTERS – crédito da foto Aly Song/Reuters – Greg Baker -AFP

A onda de calor que atinge a China há mais de um mês levou a um recorde na geração de energia no sul do país e a interrupções no fornecimento devido à sobrecarga na rede pelo maior uso de aparelhos de ar-condicionado.

De acordo com uma publicação na rede social WeChat da China Southern Power Grid, operadora elétrica que abastece cinco províncias do país, o aumento da demanda elevou a geração de energia para um recorde de 223 GW (gigawatts) na segunda-feira (25), 3% acima do pico de carga do ano passado.

Com o calor, a demanda diária em áreas do sul está acima de 200 GW por quase duas semanas. Assim, 21 notificações de alerta vermelho e 140 de alerta laranja foram emitidas em razão das altas temperaturas, predominantemente no sudeste e no extremo oeste, incluindo a cidade de Xinjiang.

Mulher com roupa que protege contra o sol usa ventilador em rua de Xangai, na China
Mulher com roupa que protege contra o sol usa ventilador em rua de Xangai, na China – Aly Song/Reuters

Nesta terça (26), mais de 300 cidades tinham a expectativa de que as temperaturas fossem superiores a 35°C, com máximas acima de 40°C em Zhejiang, Fujian, Jiangxi e Hunan. Também eram esperadas chuvas significativas em algumas regiões centrais e no oeste do país, segundo o Centro Meteorológico Nacional. Apesar das precipitações, o sul da China deve enfrentar calor persistente nos próximos dez dias.

De acordo com Yang Lin, funcionário da companhia elétrica, cada ponto a mais nos termômetros requer até 5 GW de capacidade extra. O Conselho de Eletricidade da China prevê que a demanda nacional de energia aumentará 7% no segundo semestre, havendo escassez durante os períodos de pico de demanda no sul, no leste e no centro do país, além de um “equilíbrio apertado” geral durante o verão.

CHINA, CALOR E CARVÃO

A onda de calor vem testando a capacidade de a China manter suas fábricas funcionando, desde o centro industrial de Zhejiang, no leste, que faz fronteira com Xangai, até o centro de tecnologia de Shenzhen, no sul, ameaçado por interrupções na cadeia de suprimentos geradas pela crescente cifra de casos de Covid.

Enquanto isso, o Ministério do Meio Ambiente deu luz verde a 20 projetos de mineração de carvão no primeiro semestre do ano como parte dos esforços de Pequim para combinar seus planos de segurança energética com a necessidade de impulsionar a economia por meio de gastos com infraestrutura.
Central elétrica Datang International, movida a carvão, em Zhangjiakou, na província de Hebei, no norte da China
Central elétrica Datang International, movida a carvão, em Zhangjiakou, na província de Hebei, no norte da China – Greg Baker – 12.nov.21/AFP

Desde 2021, o governo chinês optou por reabrir e expandir a produção de minas de carvão, produzindo 220 milhões de toneladas a mais em um ano —aumento de 6% em relação a 2020. O país é o maior emissor mundial dos gases do efeito estufa, os principais causadores da crise climática.

À época, o aumento do consumo do minério coincidiu com a reunião da COP26, em Glasgow, na qual autoridades discutiram a redução das emissões. O líder chinês, Xi Jinping, não compareceu ao evento.

No primeiro trimestre de 2022, os reguladores chineses aprovaram a criação de novas usinas a carvão que representarão quase metade de toda a capacidade de produção aprovada no ano passado.

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