Mercado financeiro piora avaliação de Haddad e expectativa sobre economia, mostra Quaest

Política fiscal inadequada descontenta operadores da Bolsa

Folha de São Paulo – 19.set.2023 às 8h49 – SÃO PAULO | REUTERS

A avaliação do trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a expectativa para a economia brasileira pioraram em setembro na opinião do mercado financeiro, mostrou pesquisa Quaest divulgada nesta terça-feira (19).

Os que avaliam o trabalho do ministro da Fazenda como positivo somaram 46% em setembro, ante os 65% de julho, enquanto os que veem a atuação de Haddad como negativa aumentaram para 23%, frente a 11%. Já a avaliação regular sobre o trabalho do ministro subiu para 31%, contra 24%.

A pesquisa da Quaest, contratada pela Genial Investimentos, também mostrou uma piora na expectativa sobre a economia: 36% disseram esperar que a economia melhore nos próximos 12 meses, ante 53% na sondagem de julho, já a porcentagem daqueles que preveem que a economia piore foi a 34%, em comparação com 21% antes. Os que acreditam que a economia vai ficar do mesmo jeito foram a 30%, ante 26%.

Para 72%, a política econômica do país está indo na direção errada, contra 53% na pesquisa anterior. Na outra ponta, 28% afirmaram que a política econômica do Brasil está na direção certa, frente aos 47% de julho.

De acordo com a pesquisa, 57% entendem que o principal problema que dificulta a melhora da economia é a falta de uma política fiscal que funcione, ante 45% em julho. Ao mesmo tempo, 22% responsabilizam interesses eleitorais, ante 19%; 15% culpam a baixa escolaridade e produtividade da população, ante 21%, e 6% colocam a alta taxa de juros como responsável, contra 11% em julho.

A sondagem de setembro também sinalizou um forte descontentamento com o novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do governo federal, que prevê investimentos de R$ 1,7 trilhão, considerando recursos da União, estatais e setor privado.

De acordo com a Quaest, 71% dos entrevistados veem o Novo PAC como uma medida negativa, ao passo que 29% veem como positiva; 85% ainda disseram que, do ponto de vista dos gastos públicos, o valor de investimento anunciado é inadequado, e 86%, que esses investimentos não serão eficientes para fazer o país crescer.

Quase todos os consultados, 95%, também disseram acreditar que o governo não conseguirá zerar o déficit fiscal em 2024, e uma grande maioria, 86%, afirma que mesmo que todas as medidas voltadas para esse fim, como a taxação dos fundos exclusivos e o fim do juros sobre capital próprio (JCP), sejam aprovadas, elas não serão suficientes para alcançar um déficit zero.

Os agentes do mercado financeiro também responderam sobre a expectativa para a taxa Selic, a ser definida na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começa nesta terça-feira e se encerra quarta. Segundo a sondagem, 80% apostam em uma taxa básica de 12,75% ao ano, redução de 0,50 ponto percentual em relação ao patamar atual de 13,25% ao ano. Outros 20% ficaram divididos entre um nível abaixo ou acima de 12,75% ao ano.

Perto do fechamento da véspera a curva a termo precificava zero chance de o corte da taxa básica Selic na próxima semana ser de 0,75 ponto percentual. Já as chances de corte de 0,50 ponto percentual eram precificadas em 100%.

A pesquisa ouviu 87 fundos de investimento com sede em São Paulo e Rio de Janeiro, entre 13 a 18 de setembro, e tem como público-alvo gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do mercado financeiro.

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