EUA importaram mais mercadorias da Europa do que China em 2022

Ataque da Rússia à Ucrânia e política de Covid-Zero da China estão encorajando aproximação entre América e Europa, segundo relatório da project44

Nos últimos 9 meses, os EUA ampliaram em 20% as importações da Europa. Do outro lado, as exportações da Alemanha para os estadunidenses aumentaram quase 50% somente em setembro deste ano, os números foram destacados pelo relatório da project44. Josh Brazil, vice-presidente de Supply Chain Insights da plataforma, acredita que esse aumento não se deve somente à pandemia, mas a uma “mudança estratégica da dependência excessiva do comércio com a China e às tensões geopolíticas sobre a Rússia”.

Durante os lockdowns de 2020, o comércio atingiu níveis recordes, mas os volumes de TEU de navios da China para os EUA têm diminuído significativamente desde o final do inverno de 2022. A project44 registrou um declínio de 21% no volume total de TEU de navios entre agosto e novembro.

Em contrapartida, entre março e novembro de 2022, o volume de contêineres chegando aos portos da Costa Leste americana cresceu 20%, saltando de 646.631 TEUs para 808.647. O porto de Nova York e Nova Jersey, por exemplo, foi o porto de contêineres mais movimentado do país em setembro pelo segundo mês consecutivo, transportando 35% a mais de carga.

De acordo com o project44 esses dados apontam para um dos desenvolvimentos possivelmente mais surpreendentes e certamente mais significativos desde o início de 2020, isso mostra que “o mapa do comércio global está sendo rapidamente redesenhado”. Além disso, a manufatura europeia voltou a focar nos Estados Unidos. Segundo o estudo, o investimento estrangeiro direto europeu totalizou quase US$ 3,2 trilhões em 2021, 13,5% a mais do que em 2020.

Nos primeiros nove meses de 2022, o setor de engenharia mecânica da Alemanha aumentou suas exportações para os EUA em quase 20% em relação ao ano anterior. As pequenas e médias empresas alemãs, conhecidas como Mittelstand, estão buscando diversificar os seus investimentos para fora da China devido ao aumento da concorrência doméstica, aumento dos custos trabalhistas e medidas anti-COVID no país asiático.

De acordo com um relatório de outubro da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os EUA receberam investimento estrangeiro direto no valor de US$ 74 bilhões nos três primeiros meses de 2022. Enquanto a China recebeu US$ 46 bilhões. Além disso, o país norte-americano tem se tornado um dos maiores fornecedores de energia e militares da Europa, substituindo a Rússia como fornecedora de gás natural e ajudando os europeus a reforçar suas defesas.

De acordo com um artigo publicado e m The Economist, as multinacionais estão refletindo se devem se desvincular, se dissociar ou dobrar seus investimentos e operações de manufatura na China. Para Kadri, presidente-executivo da Solvay SA, os principais atributos dos EUA incluem petróleo e gás baratos, trabalhadores qualificados e apoio do governo para construir infraestrutura de energia limpa. “Há bloqueios na China enquanto falamos. A Europa está enfrentando uma grande crise de energia e inflação, onde precisamos viver com menos gás do que poderíamos imaginar”, disse Kadri. “Então você olha em volta e diz, os EUA têm tudo, certo?”, indagou.

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