Equilíbrio e ética em prol do Brasil

 

Nos últimos dias, os ânimos estão acirrados e causaram um desequilíbrio no mercado brasileiro de pneus. A divergência e as críticas apareceram após a notícia de uma nova análise da Secretária de Comércio Exterior (SECEX) sobre a possível aplicação de direitos antidumping. Caso seja adotada, a medida poderá encarecer pneus radiais de caminhões quando importados com rodas da China nos aros 20, 22 e 22.5.

No entanto, toda a categoria caminha de forma complementar. Distribuidores e importadores, frotistas, industriais e varejistas têm objetivos em comum: manter negócios saudáveis, oferecer boas soluções ao consumidor brasileiro e gerar empregos.

O clima de rivalidade, o famoso “nós contra eles”, não é saudável no nosso mercado e é de interesse aos que não possuem compromisso com o Brasil. A indústria nacional e as importadoras nunca exerceram um papel tão complementar. Atualmente, existe um bom equilíbrio no fornecimento de pneus para consumidores brasileiros, principalmente no setor de carga, em que, até outubro de 2023, 4,1 milhões de pneus nacionais foram comercializados, segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP). Já os pneus de carga importados somam 3,9 milhões de unidades vendidas. Esses números excluem as importações de pneus de carga montados com rodas e atingidos pela medida citada anteriormente.

O nosso país possui uma frota de 115 milhões de veículos emplacados, entre leves e pesados, segundo dados do Ministério dos Transporte e com características que demandam diferentes custos de aquisição dos pneus, levando em conta a idade da frota e o poder de compra dos proprietários e operadores dos veículos.

O Brasil tem o privilégio de contar com alto investimento e operações robustas das seis maiores fabricantes de pneus do mundo. Tanto Michelin quanto Bridgestone & Firestone, Continental, Goodyear, Pirelli (e sua empresa-irmã Prometeon) e Dunlop (Sumitomo) vêm empregando, investindo e qualificando o mercado brasileiro, tornando-o um dos mais profissionais do mundo. A fabricação dos produtos dessas gigantes multinacionais é focada no fornecimento para montadoras e nos consumidores que procuram modelos originais das marcas globais para a reposição de pneus.

Por outro lado, temos grandes operações de varejo e distribuição de pneus multimarcas gerando milhares de empregos e fomentando as operações de grande parte das mais de 100 mil empresas de reparação automotiva presentes no Brasil. O envelhecimento da nossa frota na última década acarretou uma busca acentuada por soluções mais atrativas financeiramente para motoristas, atendidos por parte destes distribuidores que utilizam a importação como maneira de complementar a produção doméstica. Por conta disto, dos 64 milhões de pneus comercializados até outubro de 2023 em todas as categorias (exceto avião e bicicleta), 31 milhões de unidades são importadas. Já os nacionais, representam 33 milhões de unidades, de acordo com dados da ANIP.

Sei que há momentos de vantagem aos diferentes elos da cadeia de pneus, ora para a indústria, ora para distribuidores e importadores, mas isso normalmente converge para uma situação de equilíbrio entre as partes. O que nós não podemos fazer é renunciar à vigência ética e civilizada das relações no mercado de pneus.

Existem pautas comuns entre distribuidores e indústria nacional, essenciais para voltarmos à almejada estabilidade no nosso ramo de atuação. São elas:

  • Fiscalização sobre importações irregulares com preços abaixo do custo de produção;
  • Controle das operações interestaduais para mitigar a sonegação na substituição tributária;
  • Combate às classificações fiscais fraudulentas, que manipulam as cargas tributárias para fugir das alíquotas antidumping;
  • Cooperação com o governo brasileiro, principalmente no âmbito estadual, para equiparar as cargas tributárias em prol dos revendedores, reduzindo a necessidade de vendas diretas;
  • Combater, por meio dos órgãos especializados, as operações fraudulentas que falsificam a origem de produtos com intuito de sonegar o pagamento das taxas antidumping.

Observo que existe uma vontade comum, da indústria às importadoras e revendedoras, de primarem pelo progresso nos negócios e com ênfase na geração de empregos e de oportunidades, atuando eticamente e de maneira justa para todos. Ao certo, aqueles que pensam como eu, estão a serviço do setor de pneus e a favor do Brasil. Ganham o empresário brasileiro, as empresas estrangeiras que aqui atuam e, principalmente, o consumidor do nosso país.

*Por: Beto Cantu, CEO e Fundador da CantuStore

Ilustração: Image by creativeart on Freepik

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