Dólar sobe mais de 2% e se aproxima de R$ 4,75

Bolsa cede mais de 1% com política monetária dos EUA e riscos vindo de Brasília

Lucas Bombana SÃO PAULO

dólar comercial registra forte alta acima de 2% frente ao real na retomada dos negócios no mercado local nesta sexta-feira (21) após o feriado de Tiradentes na quinta (20).

Por volta das 11h40, a divisa dos Estados Unidos avançava 2,77% ante o real, cotada a R$ 4,747 para venda.

BC (Banco Central) fará neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2022.

A maior aversão ao risco, já observada nos mercados globais na véspera, vem após sinalizações do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre a possibilidade de uma postura mais agressiva no processo de alta dos juros para combater a inflação.

O presidente do Fed, Jerome Powell, disse na quinta que um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa de juros estará “na mesa” quando o BC americano se reunir em 3 e 4 de maio para aprovar a próxima alta deste ano. Powell também sinalizou que poderá ser necessária uma série de aumentos de meio ponto, num conjunto agressivo de ações do Fed.

“A visão de que o Fed deve apertar o passo passou a ser amplamente aceita. Com isso, o mercado já precifica pelo menos três altas de meio ponto nas próximas reuniões”, dizem os analistas da XP, em relatório.

No mercado acionário dos Estados Unidos, que já fechou com quedas expressivas no pregão passado, o índice S&P 500 tinha perdas de 1,17% nesta manhã, enquanto o Dow Jones cedia 1,34% e o Nasdaq, 0,74%.

Na Europa, o dia é igualmente de perdas para as principais Bolsas da região –o FTSE-100, de Londres, recuava 1,19%, e o CAC-40, de Paris, registrava desvalorização de 1,90%. O DAX, de Frankfurt, cedia 2,19%.

Na Ásia, as ações chinesas registraram sua maior queda semanal em seis semanas nesta sexta, com a retomada das medidas de isolamento para conter um novo avanço da Covid-19 paralisando a atividade econômica em grandes cidades.

Autoridades de Xangai dobraram sua ofensiva contra o vírus, lançando outra rodada de testagem em toda a cidade e alertando os moradores de que o lockdown de três semanas só será suspenso em fases quando a transmissão for eliminada.

“Enquanto resultados corporativos predominantemente positivos têm contribuído para impedir quedas mais duras dos índices americanos, a maior probabilidade de um Fed mais agressivo no combate à inflação e, consequentemente, de um juro americano acima do patamar neutro em 2022, continua pesando sobre o sentimento de investidores”, apontam os analistas da Guide.

No cenário local, pesam adicionalmente os riscos que vêm de Brasília.

Entre as maiores perdas do dia, as ações da Eletrobras tinham queda próxima de 4%, com dúvidas a respeito do sucesso da privatização ainda neste ano após o pedido do TCU (Tribunal de Contas da União) para analisar por mais 20 dias a privatização da estatal.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou nesta sexta que a previsão é realizar a privatização até julho deste ano.

Além disso, segue no radar dos agentes possíveis desdobramentos sobre o embate entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o Judiciário, após o chefe do Executivo conceder o perdão da pena ao deputado Daniel Silveira, condenado pela corte a 8 anos e 9 meses de prisão.

“Em tese, tal decisão anula a condenação e a pena impostas pelo STF ao parlamentar pelos “crimes contra a democracia”. Agora é saber como deve responder o STF”, diz Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Wealth Management.

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