Desemprego sobe a 7,8% até fevereiro; renda segue em alta

Taxa vem em linha com previsões de analistas; Brasil tem 8,5 milhões em busca de vagas, diz IBGE

Leonardo Vieceli RIO DE JANEIRO

A taxa de desemprego do Brasil subiu a 7,8% no trimestre até fevereiro de 2024, após marcar 7,5% nos três meses anteriores, encerrados em novembro de 2023.

É o que apontam dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) divulgados nesta quinta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Conforme o órgão, a alta da desocupação foi provocada pelo aumento da procura por trabalho no início do ano, um movimento que costuma ocorrer ao longo da série histórica.

Apesar do crescimento, a taxa de 7,8% é a menor para o intervalo até fevereiro desde 2015 (7,5%). O resultado veio em linha com a mediana das previsões de analistas do mercado financeiro consultados pela agência Bloomberg, também em 7,8%.

Segundo o IBGE, o número de desempregados aumentou 4,1% no trimestre até fevereiro, para 8,5 milhões. O contingente era de 8,2 milhões nos três meses anteriores.

Na série histórica comparável da Pnad, esse foi o primeiro aumento do grupo desde o trimestre finalizado em fevereiro de 2023. À época, o crescimento da população desempregada havia sido maior, de 5,5%.

Considerando as três diferentes séries de trimestres móveis da pesquisa, a alta do contingente em fevereiro de 2024 foi a primeira desde o período encerrado em abril de 2023, segundo o instituto.

A coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, associou o avanço da taxa de desocupação ao retorno ao mercado de pessoas que, eventualmente, tinham interrompido a busca por trabalho e que voltaram a procurar uma ocupação nos meses iniciais deste ano.

“O resultado, de modo geral, reprisa movimentos registrados em anos anteriores”, disse a pesquisadora.

A população desempregada reúne pessoas de 14 anos ou mais que estão sem ocupação e que seguem à procura de oportunidades. Quem não está buscando vagas, mesmo sem ter emprego, não faz parte desse grupo nas estatísticas oficiais.

Pnad Contínua abrange atividades formais e informais, incluindo desde empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.

A população ocupada com algum tipo de trabalho foi estimada em quase 100,3 milhões até fevereiro. Assim, não apresentou uma variação estatisticamente significativa na comparação com o trimestre anterior (100,5 milhões), afirmou o IBGE.

RENDA SEGUE EM ALTA

O instituto também apontou que a renda da população ocupada seguiu em alta. O rendimento real habitual de todos os trabalhos foi de R$ 3.110 até fevereiro.

Isso representa um avanço de 1,1% ante o intervalo até novembro (R$ 3.076) e de 4,3% na comparação com igual período de um ano antes (R$ 2.982).

Adriana Beringuy, do IBGE, afirmou que o crescimento dos salários está associado a fatores como a criação de vagas formais nos últimos meses. Empregos desse tipo costumam pagar mais do que postos sem registros.

No trimestre até fevereiro, o número de empregados no setor privado com carteira assinada (exceto domésticos) chegou a 37,995 milhões. Com a marca, a categoria renovou o recorde de toda a Pnad, iniciada em 2012, conforme o IBGE.

Outra máxima foi registrada pelo indicador que mede a soma dos salários recebidos pela população ocupada. A chamada massa de rendimento real habitual renovou seu recorde ao chegar a R$ 307,3 bilhões até fevereiro.

Para a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, os dados do IBGE ainda mostram um mercado de trabalho aquecido.

Segundo ela, a leve alta da taxa de desemprego não representa uma tendência para os próximos meses, porque fevereiro é um período no qual sazonalmente o indicador aumenta.

“O fato é que a taxa permanece em um patamar historicamente baixo para o padrão brasileiro, refletindo o aquecimento do mercado de trabalho”, diz.

Moreno, contudo, afirma que o cenário de salários elevados e desemprego baixo pressiona a inflação de serviços, o que traz desafios para a convergência da inflação à meta.

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