Cresce demanda por engenharia portuária

O ano de 2022 foi significativo para a indústria portuária, inclusive com projetos de menor porte. Segundo empresas de engenharia e consultoria que conversaram com a Portos e Navios, o país teve um grande aumento em obras para o aumento do calado, adequações das estruturas e berços de atracação, projetos de expansão de terminais portuários de granéis e de celulose. Para 2023, a expectativa é que a demanda por projetos de engenharia continue crescendo, principalmente após os leilões que foram realizados nos últimos anos.

A Techna Engeplan tem participado de projetos estratégicos de terminais portuários hidroviários nas hidrovias Tietê-Paraná e Paraná-Paraguai, além do fornecimento de tecnologia para gestão de projetos em terminais portuários no Espírito Santo. Para o diretor-executivo, Linus Paulo Pupo de Oliveira, com os leilões do governo federal, nos últimos anos, e as novas concessões, o país teve um aumento significativo na demanda de projetos para remodelação no tipo de carga movimentada. Por exemplo, terminais que antes movimentavam contêineres, após projeto de remodelação, passaram a movimentar celulose.

“Existem boas perspectivas para esse tipo de demanda de projeto para 2023, resultado dos leilões que foram realizados nos últimos anos. Todas as demandas de novos projetos, seja de remodelação ou ampliação, necessitam de uma boa gestão de projeto e, nossa empresa possui inovação nos processos e tecnologia através do nosso software de gestão que desenvolvemos”, comenta Oliveira.

Segundo o diretor-executivo, os projetos de expansão de terminais portuários de granéis e de celulose ainda serão os principais investimentos no Brasil. Eles continuarão sendo impulsionados pelo setor do agronegócio que segue em crescimento e sendo representativo no PIB do Brasil. Oliveira também acredita que, além dos terminais portuários marítimos, existe uma alta demanda, para os próximos anos, de projetos de terminais portuários hidroviários, impulsionados pelos investimentos no agronegócio, eficiência logística integrada e sustentável no uso de hidrovias.

Na visão da empresa, os futuros portos no Brasil devem agregar, nos projetos das futuras instalações portuárias no Brasil, tecnologia para rapidez e agilidade na movimentação de cargas. Há a necessidade também de um projeto que aproveite o melhor desenho logístico de movimentação e integração com modais ferroviários e rodoviários e que adotem iniciativas de inovação e deem completa atenção ao meio ambiente.

“É importante salientar a importância no uso de energia limpa para operação, seja no uso de veículos elétricos ou até mesmo em projetos de geração de energia renovável para fornecimento dos terminais portuários. Atualmente, existem novos projetos de geração de energia limpa em estágios avançados com alta capacidade energética. Por exemplo, a geração de energia através de correntes marítimas que seria facilmente aplicada a instalações portuárias”, afirma o diretor.

Para Oliveira, após um cenário instável na produção de materiais, reflexo da pandemia, fatores como prazo, custo-benefício e disponibilidade de materiais são os principais fatores que devem ser levados em conta atualmente nos projetos, principalmente devido a prazos de entrega.

A Moffatt & Nichol tem observado que em 2022, principalmente no segundo semestre, houve um aumento na demanda para projetos de menor porte. Por exemplo, projetos de readequações estruturais e mecânicas para sistemas de movimentação de granéis sólidos e projetos de ampliação de estruturas existentes. Mas, a empresa também atuou em grandes projetos dos mais diversos tipos de cargas, como no setor de contêineres, minérios, grãos, granéis líquidos e gás. O gerente de desenvolvimento de negócios, Fábio Rigotti, destaca projetos conceituais para terminais de líquidos, elaboração de projetos para planos normativos de operação e inspeção estrutural em terminais de minério, além de projetos de expansão para terminais de contêineres e minério, e de adequação de amarração e atracação para receber navios maiores como o 366m e o 399m.

De acordo com Rigotti, a companhia tem desenvolvido estudos de simulação de operação de terminais utilizando o Flexterm, seu software de simulação e emulação. “São aplicados em casos de avaliação para os novos terminais assim como para avaliar a operação em condições de ampliação de cais e reformas estruturais, onde o terminal tem a possibilidade de avaliar os impactos na operação que segue, assim como mitigar e minimizar eventuais impactos de gargalos operacionais’’, explica Rigotti.

No futuro, o gerente acredita que os portos do Brasil vão passar a investir na filosofia de Smart Ports, aplicando IA (inteligência artificial). Atualmente, a tomada de decisões nos portos é reativa e isolada, principalmente com base nas análises de cada decisor dentro da operação completa de um porto, que envolve muitas vezes o armador, o terminal e o próprio porto. “Com a filosofia será possível apoiar a tomada de decisões baseada em dados, ligando domínios de decisão entre diferentes partes interessadas, e, em última análise, fornecendo capacidades de otimização que tornam os portos mais proativos, eficientes, sustentáveis e resilientes como nós vitais na cadeia logística”, destaca Rigotti.

A Moffatt & Nichol tem trabalhado com vários projetos, ao redor do mundo, ligados a hidrogênio verde e eólica offshore. Para que esses projetos venham para o Brasil, é necessário ter uma instalação portuária dedicada e devidamente projetada para operar com o hidrogênio, amônia e, quando o caso, ter a estrutura apropriada para o suporte offshore das instalações eólicas. “Já estamos acompanhando os movimentos quanto a alguns planos e projetos para instalações no Brasil, especialmente na região do Rio de Janeiro e no Nordeste. Entendemos que estas são tendências de combustíveis renováveis em que o Brasil tem um potencial muito expressivo e relevante, e portanto temos a certeza de que cedo ou tarde estes projetos sairão”, comenta o diretor.

Ele também tem observado o Shore Power como uma tendência de tecnologia, aplicada para terminais em operação. Esta tecnologia permite que o terminal forneça a energia elétrica necessária para que o navio que está atracado tenha seu suprimento de energia atendido de maneira que possibilite que o motor seja desligado. Entretanto, existem discussões e polêmicas sobre o projeto, já que no Brasil não se pode revender a energia contratada e a cobrança do valor da energia deveria vir em forma de tarifa para o armador, o que pode trazer um desequilíbrio e consequentemente a perda de competitividade para alguns terminais.

Para a Moffatt & Nichol, terminais de contêineres, tanto novas instalações como expansões, estarão bastante presentes nos próximos anos. Isso porque de fato há um gap na infraestrutura que precisa ser atendido. “Entendemos que os terminais de regaseificação de GNL terão bastante espaço, além de novos terminais de combustíveis verdes e investimentos em eólica offshore, a médio prazo. Já para os terminais de grãos acreditamos que deverá haver investimentos em projetos para diminuição de emissões e controle do pó, e em adequações para operarem embarcações maiores”, diz Rigotti.

A Carioca Engenharia vem mapeando e participando de concorrências de obras no setor. A empresa afirma ter percebido que há uma movimentação para retomada de obras de infraestrutura que foram postergadas por conta da Covid-19. Nesse período, tem aproveitado para reforçar o seu parque de equipamentos, tecnologia e time de especialistas e afirma estar animada com alguns projetos previstos para o primeiro semestre de 2023.

Daniel Rizzotti, diretor-executivo da empresa, acredita que, por competência, o Brasil dispõe de grandes, médias e pequenas empresas do setor de engenharia pesada e de talentos que podem dar uma resposta aos desafios. “É preciso, no entanto, que os investimentos sejam retomados de forma urgente para que, de fato, possam retornar ao caixa dos investidores, tanto públicos como privados, trazendo resultados promissores para a população”, comenta Rizzotti. “O setor portuário é essencial para garantir tanto as importações do país como as suas exportações, como a de grãos e minério. A expectativa da Carioca Engenharia é de que o setor portuário venha a tomar impulso já a partir do próximo ano, reparando a ausência de investimentos que torna os portos brasileiros pouco atrativos como modal de transportes”, comenta o diretor.

De acordo com a Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA) do Ministério da Infraestrutura, para os próximos anos serão investidos em torno de R$ 51 bilhões no setor, dos quais uma parcela de R$ 3,9 bilhões virá de recursos do governo e entre R$ 47 bilhões e R$ 48 bilhões, da iniciativa privada. Na visão da Carioca Engenharia, estes investimentos devem impulsionar não apenas economias locais e regionais, mas sobretudo a nacional, criando condições que facilitem importações e exportações, atraindo novos parceiros como usuários do modal portuário.

Entretanto, além do investimento, Rizzotti destaca que com os novos tempos, em que a crise climática global está em pauta, há a necessidade de projetos de engenharia eólica e solar, além da continuidade das pesquisas em torno de gerações sustentáveis de energia. “Outros segmentos que devem atrair novos e pesados investimentos são as fontes de energia alternativas ao óleo e gás como a solar e eólica. O próprio compromisso das grandes montadoras globais em privilegiar a produção de carros elétricos dará impulso a esses novos investimentos e ao novo mercado, mais sustentável ao longo do tempo, visando preservar o meio ambiente e a vida no planeta”, relembra o diretor.

A Concremat vem atuando no gerenciamento e na supervisão das obras de readequação do Cais dos Meninos, em Salvador, na Bahia, e no desenvolvimento dos estudos, projetos e assessoria técnica para as expansões e projetos estratégicos do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), no Ceará. Além de ser responsável pelos estudos ambientais para o futuro terminal GNL da Eneva no Porto de Itaqui, em São Luís, no Maranhão.

Gontran Thiago Tibery Lima Maluf, diretor executivo de logística, saneamento e edificações, e Rafael Rabuske, diretor executivo de estudos e projetos, meio ambiente e gestão de integridade de ativos e O&M, notaram um incremento significativo na demanda quando receberam pedidos de estudos de diversos projetos de menor porte, principalmente no terceiro trimestre de 2023. Há pouco tempo, a Concremat tinha desenvolvido o projeto conceitual de prolongamento do Píer 2 do Porto do Pecém (CE), o que evidencia este movimento de ampliação e adequação das instalações portuárias.

“Hoje, visualizamos excelentes perspectivas nesse mercado e estamos com um monitoramento contínuo, tanto em obras de remodelação e ampliação como em novos projetos que, acreditamos, serão iniciados em 2023. Acreditamos também que ocorrerá um incremento na infraestrutura de embarque GLP, além de minério e de grãos. Terminais multimodais também tendem a receber investimentos de retrofit e expansão.”, declaram os diretores.

A empresa vislumbra que para os próximos anos, o Brasil terá investimentos em tecnologia de automação, com sistemas anticolisão e sistemas de antibalanço semiautomáticos, posicionamento de equipamentos com maior precisão por meio de processos de imagens mais avançados, serviços de monitoramento e segurança com controles de acesso, novos componentes eletrônicos, softwares e elétricos. Fora o investimento em retrofit de portêineres e aquisição de novos equipamentos do tipo, mais modernos. Guindastes com tecnologia de ponta de controle digital também deverão ser ativos adquiridos pelos principais players de mercado.

Para Maluf e Rabuske, as principais soluções para aumento da capacidade e recepção de navios de maior porte pelos portos estão associadas a dragagem e derrocagem, aumento do calado, bem como a adequação das estruturas e berços de atracação. Em alguns casos, também, se fazem necessárias soluções de ampliação das retroáreas, bem como modernização da logística de carga/descarga, estocagem e escoamento.

Os diretores alegam que os principais desafios relacionados ao meio ambiente estão associados justamente às atividades de dragagem e derrocagem, que geram impactos significativos à biota aquática, com possíveis reflexos sobre a qualidade de vida de atores regionais. “Os empreendedores e investidores em infraestrutura estão dando maior prioridade para a sustentabilidade de seus empreendimentos, mirando em práticas, padrões e certificados internacionais, levando suas companhias a um patamar diferenciado, gerando impactos positivos ao ambiente e à qualidade de vida da população das cidades portuárias e abrindo acesso a linhas de financiamento diferenciados, ancorados em índices de desempenho com critérios ESG”, comentam Maluf e Rabuske.

Atualmente, tem-se falado muito sobre um cenário de retomada das construtoras “pós-Lava Jato”. Os diretores acreditam que já passamos por grandes desafios, sendo necessário uma reestruturação do setor e a retomada de confiança. Além disso, o mercado busca previsibilidade nos negócios e uma boa gestão de riscos. “É difícil precisar o tamanho da desmobilização, certamente temos dificuldades em insumos, materiais e equipamentos, permeando produção e cadeia de suprimentos. Também se faz necessária uma linha transparente, franca e direta com o governo em relação ao fomento do mercado nacional de engenharia e construção, além de uma regulação eficaz, justa e que nos traga segurança jurídica”, relembram Maluf e Rabuske.

Para Marcelo Jardim, diretor técnico e estratégico da Planave, depois do cenário “pós-Lava Jato”, todas as grandes construtoras, que tinham capital humano, tecnologia, conhecimento e saúde financeira, capitularam e eram essas construtoras que faziam as grandes obras portuárias. “O mercado hoje trabalha com as que eram consideradas empresas de porte médio, mas elas não têm estrutura ou fôlego se houver uma retomada grande e contínua. Vai faltar mão de obra e até mesmo equipamentos”, lamenta.

Há 53 anos no mercado, a Planave têm sido contratada para fazer projetos em todos os seus níveis: conceitual, básico e executivo, além de realizar estudos logísticos na área portuária, com a elaboração de EVTEA (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental). A empresa tem feito projetos de terminais portuários públicos e privados, para os mais diversos tipos de carga — contêineres, produtos siderúrgicos, granéis sólidos minerais (minério de ferro, gusa, fertilizantes, etc.), granéis vegetais (soja, farelo, trigo, açúcar, etc.), granéis líquidos (petróleo, GNL, etc.) e passageiros.

Em 2022, segundo a companhia, o diferencial está nas demandas em projetos de melhorias operacionais e upgrades nas instalações. “Esses projetos estão sendo contratados na sua maioria, via contratos guarda-chuva, porque são muitos, geralmente de valores menores”, afirma Jardim.

Para a Planave, atualmente há parques de equipamentos cada vez mais modernos, cada vez mais automatizados. Por isso, é imprescindível que um terminal, hoje, para performar e atender ao mercado satisfatoriamente, não abra mão desses equipamentos de manuseio atualizados, sistemas operacionais modernos. Tudo isso em paralelo com a implantação do ESG, que já é uma realidade no mercado mundial. “Cada vez mais vamos ouvir sobre ESG. Acredito que os aspectos ambientais vão mudar seu perfil: de custo para investimento. Esses aspectos estarão mais no dia a dia da operação, da implantação, da manutenção. Sua relevância vai ser consolidada de forma mais natural”, destaca o diretor.

Jardim enfatiza que no futuro vai se continuar investindo forte em terminais de granéis vegetais (soja e açúcar) e de minério, tendo um incremento especial na importação de fertilizantes. O que vai demandar terminais específicos deste produto. “Se o Brasil voltar a crescer em taxas consistentes, vai se ter também investimentos em terminais de contêineres”, comenta.

Do ponto de vista da Promon Engenharia, os portos brasileiros precisam investir desde já no setor de contêineres. Segundo Ralph Lima Terra Filho, gerente de Desenvolvimento de Negócios, a operação automatizada e semiautomatizada já é uma realidade para cerca de 65 terminais espalhados pelo mundo. “Por incrível que pareça, a América do Sul junto à África, são os únicos continentes sem nenhum representante nesta estatística. Trata-se de uma tendência mundial e é questão de tempo para termos as primeiras conversões de terminais existentes e novos terminais que já sejam planejados na sua origem para esse nível de operação”, diz o gerente.

Além disso, o tema de eficiência e transição energética também tem sido ponto recorrente de discussão e estudo para a infraestrutura de terminais, onde não só a questão econômica é levada em conta, mas principalmente a abordagem à sustentabilidade, seja por meio de novas fontes de alimentação das embarcações, fontes de geração de energia renovável para consumo interno, entre outras iniciativas relacionadas ao tema.

Para Filho, a própria questão do tamanho das embarcações, já tratada anteriormente, tem conexão direta com a agenda ambiental, uma vez que é possível reduzir a quantidade de navios em rota e, com isso, gerar redução na emissão de poluentes. “A agenda ambiental tem ganhado cada vez mais espaço em diversos setores e no portuário não é diferente. A Promon Engenharia como signatária do Pacto Global da Organização das Nações Unidas atua ativamente por meio de práticas que colaboram com a agenda 2030 que objetiva engajar os colaboradores, empresas e governos em melhores práticas de sustentabilidade por meio dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, comenta.

No setor portuário, a companhia atua praticamente em todo o ciclo de desenvolvimento do negócio, o gerente de projetos destaca o apoio da Promon nos estudos de Capex e Opex para o novo operador da Codesa, projeto que representou um marco no setor por meio da privatização da primeira Cia. Docas. Além disso, ela foi escolhida por um outro grupo privado para realizar os estudos da privatização do Porto de São Sebastião, que depende de data e decisão do novo governo para o eventual leilão.

Em fase final de projeto básico há o destaque para o Terminal de Granel Líquido greenfield no Porto do Itaqui (MA), resultado da agenda de concessões no setor, e que agora se prepara para o início da fase de construção. “Em uma agenda super atual e pensando no porto como um hub de energia, temos dois trabalhos em curso para o desenvolvimento de projetos de hidrogênio verde (H2V). Já em fase de construção, foi iniciado recentemente uma atuação como gerenciadora para as obras de expansão de um dos principais terminais de contêineres da região sul do País”, destaca Filho.

Para a companhia, neste período pós-pandemia, a cadeia logística de suprimentos global ainda se mostra afetada e não conseguiu se restabelecer do ponto de vista de custo, prazo e disponibilidade de insumos e equipamentos em geral. Esses temas têm sido levados em conta durante a fase de construção do Plano de Execução do Projeto (PEP), impactando diretamente temas como prazo de implantação, análise de construtibilidade e tecnologias alternativas.

Entretanto, a Promon Engenharia acredita que, em geral, o mercado de engenharia e construção vive um momento de alta demanda. Trata-se do primeiro ciclo mais duradouro e estruturado após a recessão do setor que teve, porém o grande gargalo e limitador de curto prazo é a falta de profissionais qualificados e experientes para os grandes projetos. Ao longo dos últimos anos, o setor perdeu profissionais que migraram de área de atuação devido à falta de projetos e investimentos em infraestrutura, ao mesmo tempo em que as empresas pararam de formar novos profissionais e outros, mais experientes, se aposentaram de maneira precipitada. “Ter uma equipe qualificada e com know-how é essencial quando o objetivo é aproveitar as oportunidades do segmento”, diz Filho.

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