Com nascimentos em baixa, China acelera queda da população

Dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas preocupam pelo reflexo de longo prazo na economia

Nelson de Sá TAIPÉ

Pelo segundo ano consecutivo, a China viu sua população diminuir em 2023 para 1,409 bilhão de pessoas, contra 1,411 bilhão no ano anterior, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas, em relatório divulgado na manhã de quarta-feira em Pequim (noite de terça em Brasília).

A queda foi o dobro da anterior —que havia sido a primeira desde 1961. É resultado da diminuição nos nascimentos, que ficaram em 9,02 milhões em 2023, contra 9,56 milhões no ano anterior, e do aumento das mortes, que chegaram a 11,1 milhões, contra 10,4 milhões no ano anterior.

O ano apresentou a menor taxa de natalidade já registrada, com 6,39 nascimentos por mil pessoas. No ano anterior, foram 6,77 nascimentos.

Crianças brincam numa estátua do parque Hankou, em Wuhan, na China, em 17 de janeiro de 2024 – AFP

A diminuição da população tem reflexo nas perspectivas para a economia, em aspectos como a demanda já frágil por imóveis e o consumo de maneira geral.

Para Cecilia Machado, economista-chefe do Banco BoCom BBM, “os dados demográficos, com decréscimo populacional e um aumento da taxa de urbanização, confirmam a expectativa de que a urbanização e o crescimento populacional não devem ser capazes de sustentar o setor de ‘housing’ [habitação], que deve perder relevância ao longo do tempo”.

O anúncio do relatório coincidiu com a proposição por demógrafos chineses, em mídia estatal, de ampliar as políticas públicas de apoio à natalidade. Seriam ações como subsidiar profissionais e parentes que cuidem de bebês e promover mais empregos para mulheres.

Também visando aliviar a ansiedade com o impacto financeiro e pessoal de ter filhos, é sugerido mais suporte financeiro a serviços de saúde, casamento e até de relacionamento, com a avaliação de que deve ser um programa persistente, de longo prazo.

O próprio líder Xi Jinping já havia defendido, no final do ano passado, uma “nova cultura de casamento e de maternidade“, mas sem detalhar propostas.

Também foi divulgada agora pelo governo chinês uma nova diretriz voltada à “economia de prata”, como são qualificadas as atividades que envolvem produtos e serviços para idosos. Em 2035, avalia o documento, o setor pode estar valendo 30 trilhões de yuans (US$ 4,18 trilhões).

Entre as medidas estão estabelecer parques industriais para a “economia de prata”, nas regiões de Pequim e Guandong-Hong Kong, e o apoio do governo central a novas estruturas para cuidados de idosos.

A China não está sozinha, na Ásia, em queda de população. Entre outros, também JapãoCoreia do Sul e Taiwan enfrentam baixas taxas de natalidade, com reflexos econômicos e sociais, inclusive a falta de demanda pelas vagas no sistema educacional.

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