China investe em tecnologia de reciclagem para enfrentar desafio de descarte de baterias de energia

De acordo com o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China (MIIT), o país já conta com mais de 10 mil pontos de reciclagem de baterias de energia

Exame – Publicado em 25 de julho de 2023 às, 18h14. – Última atualização em 25 de julho de 2023 às, 18h44.

China, uma das maiores produtoras e usuárias de baterias de energia no mundo, enfrenta um considerável aumento no descarte de baterias nos últimos anos. Em resposta a esse desafio, o país tem investido em esforços de reciclagem em larga escala.

De acordo com o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China (MIIT), o país já conta com mais de 10 mil pontos de reciclagem de baterias de energia. Somente nos primeiros cinco meses deste ano, foram recicladas aproximadamente 115 mil toneladas de baterias, superando o total do ano anterior.

Apesar dos avanços, a capacidade de reciclagem ainda não acompanha a demanda do mercado. Estima-se que o descarte de baterias na China tenha aumentado consideravelmente desde 2021, chegando a cerca de 277 mil toneladas em 2022, e a projeção é de atingir 1 milhão de toneladas por ano após 2025.

Um dos principais desafios para enfrentar essa questão é o desenvolvimento contínuo da tecnologia de reciclagem e sua aplicação na indústria. Embora já existam tecnologias capazes de recuperar componentes químicos, como níquel, cobalto e lítio, ainda há espaço para melhorias em eficiência e capacidade.

Xin Guobin, vice-ministro da Indústria e Tecnologia da Informação, ressaltou que existem várias empresas de reciclagem e utilização de baterias na China, mas elas variam em termos de habilidade técnica. Enquanto algumas empresas avançadas alcançam taxas de recuperação de níquel e cobalto em torno de 95% e de lítio acima de 90%, outras têm taxas de reciclagem de lítio entre 70% e 80%.

Para abordar esse desafio, uma equipe de pesquisa do Instituto Qinghai de Lagos Salgados, vinculado à Academia Chinesa de Ciências, desenvolveu uma nova técnica que permite recuperar mais de 90% do lítio das baterias de íon-lítio descomissionadas, que são amplamente utilizadas em baterias de energia. Através do uso de tecnologia de separação de membrana e lixiviação ácida, a equipe alcançou uma pureza de 99,69% no carbonato de lítio recuperado, o que representa alto valor comercial. Além disso, a taxa de recuperação de lítio em todo o processo atingiu impressionantes 92,24%.

Essa nova tecnologia é especialmente relevante considerando que os eletrólitos e solventes das baterias de íon-lítio contêm substâncias nocivas, como flúor e metais pesados, que podem causar danos ao meio ambiente e à saúde humana se descartados de forma inadequada. A abordagem de separação física adotada pelo Instituto Qinghai de Lagos Salgados reduz o uso de reagentes químicos, minimizando a poluição e evitando danos ambientais adicionais durante o processo de reciclagem.

O Instituto já está trabalhando em colaboração com empresas locais nas províncias de Qinghai e Hebei para aplicar essa tecnologia em novos projetos de reciclagem. Um exemplo é um projeto em Handan, província de Hebei, com capacidade para lidar anualmente com 20 mil toneladas de baterias de energia de lítio, que está atualmente na fase de instalação e testes de equipamentos.

Além disso, o governo chinês tem atuado para incentivar a adoção de tecnologias avançadas pelas empresas de reciclagem. O MIIT e outros órgãos pertinentes estabeleceram padrões nacionais para baterias de energia, procedimentos de desmontagem e sistemas de rastreamento e gerenciamento ao longo do ciclo de vida das baterias.

A reciclagem de baterias de energia é vista como uma questão de grande importância para a China, pois não apenas contribui para a estabilidade do suprimento de recursos como também protege o meio ambiente e promove um desenvolvimento industrial sustentável e saudável. Com o avanço contínuo da tecnologia de reciclagem, o país busca enfrentar esse desafio com eficiência e responsabilidade.

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *