Bolsa cai e dólar sobe com cautela sobre atividade econômica no Brasil e indicadores nos EUA

O IBC-Br mostra desaceleração da economia local, e juros americanos tendem a ficar altos por mais tempo

SÃO PAULO

A Bolsa cai e o dólar sobe na tarde desta quinta-feira (16). Segundo analistas, a combinação de indicadores de inflação e desemprego nos Estados Unidos e da atividade econômica no Brasil leva os investidores a adotarem maior cautela, seguindo a tendência em Nova York.

Perto das 13h50, o Ibovespa operava em baixa de 0,55%, a 108.993 pontos. O dólar comercial à vista subia 0,24%, a R$ 5,232.

Os juros futuros operavam em alta. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 subiam de 13,27% do fechamento desta quarta-feira (15) para 13,32% ao ano. O vencimento para janeiro de 2025 passava de 12,59% para 12,68%. As taxas para janeiro de 2027 avançavam de 12,86% para 13,02%.

No cenário brasileiro, o destaque do dia foi o IBC-Br, índice de atividade econômica medido pelo Banco Central. Em todo o ano passado, o indicador apresentou aceleração de 2,9%. Mas no quarto trimestre, houve uma retração de 1,46% na comparação com o terceiro trimestre.

Para os analistas do Bank of America, a tendência desaceleração vista no segundo semestre de 2022, como resultados dos juros altos, deve se acentuar em 2023.

O banco americano espera que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) oficial, a ser divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa) fique em 3,25% no ano passado. Para este ano, a expectativa é que a economia avance 0,90%.

A política fiscal também preocupa o mercado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira que o valor do salário mínimo será de R$ 1.320 e que a isenção do Imposto de Renda subirá para R$ 2.640 – o que corresponde a dois salários mínimos. Lula ainda disse que a faixa de isenção será aumentada progressivamente.

Para Tiago Sbardelotto, economista da XP, mesmo com o aumento gradual na faixa de isenção do IR, a medida esbarra em restrições fiscais, e para viabilizá-la, o governo terá que revisar benefícios e isenções.

Nos Estados Unidos, continua a preocupação dos investidores com dados que mostram uma atividade econômica ainda aquecida, mesmo com as recentes altas de juros.

Esta dinâmica, segundo analistas, dificulta o controle da inflação e pode levar o Fed (Federal Reserve, banco central americano) a continuar em uma linha mais dura de política de juros.

Nesta quinta-feira, foi divulgada a inflação da indústria nos Estados Unidos, com avanço mensal de 0,7% em janeiro, maior alta desde junho do ano passado.

Além disso, os pedidos de seguro-desemprego ficaram em 194 mil nesta semana, ante a expectativa de de que o número atingisse os 200 mil pedidos.

“Nesta conjuntura, os dados divulgados recentemente não mudaram minha visão de que vamos precisar elevar os juros para níveis acima de 5%, e manter assim por um tempo”, disse Loretta Mester, presidente do Fed de Cleveland.

Com isso, os índices de ações em Nova York estão em baixa. Perto das 13h50 (horário de Brasília), o Dow Jones operava em baixa de 0,58%. O S&P 500 recuava 0,67%. E o Nasdaq tinha queda de 0,54%.

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