Ações do Credit Suisse despencam, cresce temor sobre setor bancário global e dólar salta acima de R$ 5,30 no Brasil

Às 9h39 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,74%, a R$ 5,2965 na venda

Luana Maria Benedito  – SÃO PAULO | REUTERS

dólar saltava na manhã desta quarta-feira (15), e chegou a flertar com os R$ 5,33, conforme investidores voltavam a fugir para ativos seguros após temores sobre o Credit Suisse ressuscitarem medos mais amplos em relação ao setor financeiro internacional na esteira de falências de bancos nos Estados Unidos.

Às 9h39 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,74%, a R$ 5,2965 na venda.

No pico do dia, a moeda saltou 1,37%, a R$ 5,3295, maior patamar intradiário desde o dia 6 de janeiro, mas moderou ligeiramente os ganhos após dados norte-americanos mais fracos do que o esperado sobre varejo e inflação ao produtor.

Na B3, às 9h39 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,79%, a R$ 5,3135.

CREDIT SUISSE

O Credit Suisse recuava cerca de 30% nesta quarta-feira, renovando mínimas históricas, depois que seu maior investidor afirmou que não poderia fornecer ao banco suíço mais assistência financeira por questões regulatórias.

“Não podemos, porque iríamos acima de 10%. É uma questão regulatória”, disse o presidente do conselho de administração do Saudi National Bank, Ammar Al Khudairy.

O banco saudita adquiriu uma fatia de quase 10% no ano passado depois de participar do aumento de capital do Credit Suisse e se comprometeu a investir até 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,5 bilhão, R$ 7,8 bilhões) na instituição.

O tombo das ações do Credit Suisse pressionava os mercados de ações de forma geral, uma vez que reacende parte do nervosismo entre os investidores sobre a resiliência do sistema bancário global após o colapso do norte-americano SVB (Silicon Valley Bank) no final de semana.

O cenário nos EUA

Reguladores e executivos de finanças em todo o mundo têm procurado amenizar preocupações de contágio depois que o SVB e o Signature Bank de Nova York entraram em colapso, mas esperanças de efeitos limitados para o resto do sistema financeiro foram reduzidas nesta quarta depois que o maior acionista do Credit Suisse disse que pode não elevar sua participação no banco.

“Investidores operando com muita cautela e vendendo papéis em meio à crise no setor bancário dos EUA”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, embora tenha ponderado que acredita se tratar de “um movimento agudo e não crônico”.

Segundo Bergallo, “o mercado deve seguir com ajustes diários na expectativa dos próximos passos do Federal Reserve e do nosso Banco Central”.

Depois da falência do SVB, o mercado norte-americano passou a precificar chances maiores de o banco central norte-americano elevar seus juros na próxima semana em apenas 0,25 ponto percentual —e não mais em 0,50 ponto, como vinha sendo esperado. Há também chances consideráveis embutidas nos preços de que o Fed (Federal Reserve) mantenha sua taxa básica inalterada.

No Brasil, no entanto, a visão mais geral é de que ainda é cedo para cravar uma alteração na trajetória do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, pelo menos no curto prazo.

Em teoria, um cenário de abrandamento do ritmo de aperto monetário do Fed e manutenção de juros altos no Brasil seria positivo para o real, já que a maior diferença de rentabilidade tende a tornar a moeda brasileira atraente para investidores estrangeiros.

No entanto, profissionais do mercado explicam que, se o Fed realmente for menos agressivo daqui para frente, isso sinalizaria que o banco percebe riscos elevados para a economia global, o que provavelmente alimentaria temores de recessão e impulsionaria a busca por ativos seguros, como o dólar.

Na véspera, dólar spot fechou o dia cotado a R$ 5,2577, em baixa de 0,21%.

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