Vale a pena comprar euro agora? Especialistas respondem

Moeda europeia atingiu paridade com o dólar nesta terça (12) pela 1ª vez após 20 anos

Thiago Bethônico

SÃO PAULO

Pela primeira vez em duas décadas, o euro atingiu nesta terça-feira (12) a paridade com o dólar. Com o temor sobre uma possível recessão na Europa, investidores passaram a privilegiar a moeda americana, que chegou a ser negociada a US$ 1 por euro —algo que não acontecia desde dezembro de 2002.

Para quem pretende viajar para a Europa, a desvalorização pode trazer dúvidas sobre qual a melhor hora para comprar a moeda.

Segundo especialistas, o atual momento não deixa de ser bom, mas se o prazo estiver confortável, a estratégia indicada é buscar o preço médio. Ou seja, considerando a imprevisibilidade inerente ao mercado de câmbio, o ideal é comprar aos poucos e em intervalos regulares —o que funciona como uma proteção a mudanças bruscas.

O momento de queda da divisa europeia coincide com as férias de julho que, diferentemente dos anos anteriores, terão menos restrições ao turismo em função do avanço da vacinação contra a Covid-19.

Para quem vai viajar daqui a uma semana ou duas, comprar euro agora pode ser uma boa oportunidade, defende Reginaldo Galhardo, gerente da Treviso Corretora de Câmbio.

Segundo ele, a moeda está num patamar mais acessível, mas a paridade com o dólar não é necessariamente um indicador de bom momento para compra. Ele lembra, por exemplo, que o euro já esteve mais barato no começo do ano e que, na maioria dos casos, o que importa para quem vai viajar é o valor em relação ao real.

“Em abril, nós tivemos o euro batendo R$ 5,04. Então, se a pessoa tivesse comprado [naquele momento] teria ganhado R$ 0,40 por euro”, diz.

Agora, para quem tem dólar e precisa trocar por euro, Galhardo diz que este é realmente um bom momento, porque será possível fazer a transação com uma perda ínfima.

No caso de viagens menos urgentes, o cenário muda. Isso porque há a perspectiva de que a moeda europeia continue caindo frente ao dólar nas próximas semanas.

A divulgação dos números de inflação nos Estados Unidos, por exemplo, pode beneficiar ainda mais o investimento em dólar, considerando um provável aumento nas taxas de juros americanas.

Por isso, para quem tem tempo até a data da viagem, ele recomenda fazer a compra de euro aos poucos.

Se o embarque for daqui a seis meses, por exemplo, Galhardo sugere dividir o valor desejado por seis e fazer aquisições mensais. “Se o euro começar a subir, a pessoa já vai ter feito compras baratas, e se estiver em queda, vai aproveitar o preço.”

É o que também sugere Jefferson Rugik, da Correparti Corretora de Câmbio. Segundo ele, a tendência é de que o euro possa operar abaixo da equiparação com o dólar. No entanto, isso vai depender de muitas variáveis, principalmente de como será a recuperação das economias americana e europeia.

Na visão dele, a paridade atingida nesta terça indica que a moeda europeia está mais barata. “Não deixa de ser um bom momento para quem quer viajar para a Europa. Considerando que até pouco tempo comprava-se dólar a R$ 5 e o euro a R$ 6…”.

Diante da imprevisibilidade natural do mercado de câmbio, Rugik defende que a melhor estratégia, para quem tem tempo de se planejar, é acompanhar o mercado e buscar o preço médio. “Se a pessoa quer comprar 5.000 euros, compra mil agora, quando cair mais um pouco compra mais mil, vai analisando o mercado”, afirma.

A mesma estratégia, ele diz, vale para quem quer adquirir a moeda como investimento. “Nós sempre falamos para o cliente: ‘faça a média que você erra menos’.”

Embora tenha dúvidas se foi o euro que chegou no valor do dólar ou o contrário, ele considera que a moeda europeia está muito barata comparado à americana. “Já em relação ao real, nós tivemos situações melhores, mas no contexto atual está barato sim”, afirma.

Na visão dele, é difícil dizer se a paridade entre as divisas vai permanecer no longo prazo ou se é algo pontual. Por isso, seria inadequado cravar que o melhor a se fazer é comprar todo o euro da viagem agora.

“Independentemente da circunstância, a cartilha diz para fracionar as compras, sempre.”

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