Taxa de desemprego é a menor desde 2016, mas renda cai 8,8% em um ano

Dados do IBGE são relativos ao trimestre até fevereiro

Leonardo Vieceli RIO DE JANEIRO

A taxa de desemprego no Brasil recuou para 11,2% no trimestre móvel de dezembro a fevereiro, informou nesta quinta-feira (31) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a menor marca para o período desde fevereiro de 2016.

O resultado veio um pouco abaixo das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam taxa de 11,4%.

“No trimestre encerrado em fevereiro, houve retração da população que buscava trabalho, o que já vinha acontecendo em trimestres anteriores. A diferença é que nesse trimestre não se observou um crescimento significativo da população ocupada”, afirma a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

O número de pessoas ocupadas com algum tipo de trabalho foi estimado em cerca de 95,2 milhões até fevereiro.

Já a renda média recebida pelo trabalho, que vinha recuando, foi estimada em R$ 2.511 no intervalo até fevereiro. Isso significa que o indicador parou de cair em relação ao trimestre imediatamente anterior (R$ 2.504), com relativa estabilidade, diz o IBGE.

Contudo, a renda de R$ 2.511 é a menor já registrada em um trimestre encerrado em fevereiro desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012.

Na comparação anual, o rendimento caiu 8,8% frente a fevereiro de 2021. Naquela ocasião, a renda média era de R$ 2.752.

Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O levantamento analisa tanto o mercado de trabalho formal, com carteira assinada ou CNPJ, quanto o informal, que inclui os populares bicos.

Conforme o IBGE, a taxa de desemprego estava em 11,6% entre setembro e novembro de 2021. O indicador era de 14,6% no trimestre encerrado em fevereiro do ano passado.

Pelas estatísticas oficiais, uma pessoa é considerada desempregada quando está sem trabalho e continua à procura de vagas.

O número de desocupados caiu para 12 milhões no trimestre até fevereiro de 2022. Estava em 12,4 milhões no trimestre anterior e em 14,9 milhões no período finalizado em fevereiro de 2021.

A geração de empregos tenta se recuperar do baque provocado pela pandemia. Com os efeitos da crise sanitária, o desemprego teve um salto no país. Segundo a Pnad, o número de desocupados chegou a romper a faixa dos 15 milhões no começo de 2021.

Com a reabertura da economia, houve um processo de volta ao mercado, e a desocupação passou a ceder nos últimos trimestres.

Isso não quer dizer que o cenário esteja livre de preocupações. Sinal disso é que a retomada da ocupação no país foi acompanhada por forte queda na renda média real do trabalho, que só agora passa a dar sinais de estabilidade.

Os ganhos menores frente a outros períodos da série histórica refletem fatores como a escalada da inflação e a abertura de postos com salários mais baixos, muitas vezes associados ao setor informal, apontam economistas.

De acordo com eles, a recuperação mais consistente do emprego e da renda depende do crescimento da atividade econômica como um todo.

O problema é que as previsões sinalizam baixo desempenho para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2022, sob efeito da inflação persistente e dos juros altos.

mercado financeiro prevê leve avanço de 0,5% para o PIB deste ano, mostra o boletim Focus, divulgado pelo BC (Banco Central).

Pesquisa Datafolha indicou piora em março na percepção da população sobre o mercado de trabalho. Conforme o levantamento, 50% dos brasileiros acreditam em aumento do desemprego, enquanto 20% apostam em diminuição.

Em dezembro, o contingente que previa alta na desocupação e a parcela que projetava melhora no indicador estavam empatados, com 35% para cada um.

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