Dívida pública cai pelo terceiro mês seguido e vai a 84,5% do PIB, diz BC

Economistas esperam redução do endividamento até dezembro, mas expectativa é que o montante volte a crescer nos anos seguintes

Folha de São Paulo – 30.jun.2021 às 10h31 – Atualizado: 30.jun.2021 às 12h23 – Larissa Garcia

Em sua terceira queda consecutiva, a dívida bruta do governo foi a 84,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em maio, redução de 1,1 ponto percentual em relação ao mês anterior. Os dados foram divulgados pelo BC (Banco Central) nesta quarta-feira (30).

De acordo com a autarquia, o resultado se deu principalmente por causa do aumento do PIB nominal (em reais), que contribuiu em 1,5 ponto percentual. A queda do dólar de 3,2% no mês puxou a dívida em 0,2 ponto para baixo.​

No total, a dívida bruta somou R$ 6,69 trilhões em maio. Na comparação anual, houve queda de 4,4 pontos percentuais.

Para Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do BC, o efeito do PIB na dívida é pontual e deve impactar o endividamento apenas em 2021.

Cédulas de R$ 50

Ele explicou que parte desse movimento é fruto do deflator do PIB calculado para a atividade econômica, que está em torno de 10%, acima do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).​ “Pode ser que permaneça ao longo de 2021 no acumulado do ano, mas é um efeito pontual, não tende a ser permanente”, afirmou.

“O crescimento do PIB fez com que a dívida se reduzisse, mas não altera a trajetória de crescimento. É preciso alcançar um nível de superavit fiscal para que essa trajetória se estabilize e seja revertida, o que não ocorreu. Isso reduz a relação dívida/PIB, mas isso não altera os objetivos ou desafios da política fiscal”, ponderou Rocha.

A dívida registrou crescimentos expressivos por mês desde o início da pandemia de Covid-19. Depois da chegada do vírus ao país, o governo teve de gastar mais em programas emergenciais, como o auxílio emergencial e linhas de crédito para empresas.

Em fevereiro deste ano, o endividamento alcançou 89,3% do PIB, maior percentual da série histórica iniciada em 2006. No mesmo mês de 2020, último antes dos impactos da crise sanitária, a dívida estava em 75,18%.

A partir de março, contudo, o endividamento começou a cair. A projeção da FGV (Fundação Getulio Vargas) é de que a dívida se reduza em 5 pontos percentuais até dezembro, chegando a 83,8% do PIB.

“Na seção fiscal, trata-se do recente alívio nos cenários fiscais no curto prazo. Arrecadação acima do esperado no primeiro quadrimestre e aumento das expectativas de crescimento econômico e de inflação viabilizaram melhores projeções de déficit primário e endividamento público para 2021”, diz último boletim de análise de conjuntura da instituição.

“Deve-se destacar, no entanto, que questões estruturais permanecem. Depois da esperada redução da dívidaem 2021, há estabilização da dívida bruta apenas em 2025”, completa.

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