Bolsa avança 1,6% e dólar cai 1,2% após Federal Reserve descartar subir a taxa de juros

Presidente do banco central americano defendeu a redução da compra de ativos, mas descartou alta dos juros e disse que metas para a economia dos EUA ainda não foram cumpridas

O Estado de S.Paulo, Luís Eduardo Leal e Paula Dias, 27 de agosto de 2021 | 14h43

O ambiente de maior apetite por risco no mercado internacional, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, sinalizar que vai começar a reduzir o programa de compra de ativos, mas sem mexer nos juros, ajudou os ativos locais nesta sexta-feira. A Bolsa brasileira (B3) subiu 1,65%, 120.677,60 – fechando na máxima do dia, enquanto no câmbio, o dólar caiu 1,17%, cotado a R$ 5,1955.

Com o resultado, o Ibovespa fecha a semana em alta de 2,22%. O resultado veio apoiado no mercado de Nova York, com Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subindo 0,69%, 0,88% e 1,23% cada, sendo que os dois últimos registraram novos recordes de encerramento.

O mercado global respirou com alívio, especialmente os que começavam a se posicionar para a possibilidade de a retirada de estímulos monetários acontecer em setembro, após recentes sinais emitidos por autoridades do banco central americano. No entanto, Powell trouxe alívio ao sinalizar que pretende iniciar, em breve, apenas a redução na compra de títulos, processo chamado de ‘tapering’, e cujo anúncio já era aguardado pelo mercado.

No Simpósio de Jackson Hole, tradicional evento organizado anualmente pelo Fed, Powell reiterou que ainda não cumpriu a meta com relação ao pleno emprego, a inflação segue sob efeito de fatores transitórios e a variante Delta do coronavírus ainda é fator de dúvida sobre o ritmo da retomada mundial.

O apoio ao tom do “grande discurso” por colegas, como o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, contribui para a reverberação da mensagem de Powell. Ao mesmo tempo, Harker voltou a defender que o processo de redução gradual nas compras de bônus seja feito “antes mais cedo que mais tarde” – no momento, o presidente da distrital de Filadélfia não tem direito a voto no Fomc, o comitê de política monetária do Fed.

Por outro lado, o presidente da distrital de St. Louis, James Bullard, reiterou que o mercado espera pelo anúncio do ‘tapering’, e por isso o BC americano pode realizá-lo de maneira relativamente rápida, completando-o até o fim do primeiro trimestre de 2022 – entre Bullard e Powell, o mercado, claro, deu bem mais peso ao segundo.

No cenário local, os investidores esperam a definição do valor da bandeira vermelha 2 de energia elétrica, que tende a apoiar revisões nas projeções de inflação e trazer mais pressão à alta da Selic em setembro. A decisão será anunciada hoje, depois do fechamento do mercado, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Atualmente, o valor da tarifa extra é de R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh). Ela pode ser elevada para algo entre R$ 15 e R$ 20.

Mais cedo, o ex-diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner disse ao Estadão/Broadcast que cada um terá de fazer sua parte no esforço de poupar energia pelo bem do próprio bolso e da economia brasileira. “Para sobrevivermos à crise energética atual, todos terão que fazer sua parte e, ao menos, não desperdiçar energia”, afirmou. /COLABOROU SIMONE CAVALCANTI

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