Ações chinesas disparam 8,5% e registram melhor dia desde 2008
Investidores apostam que a alta, que começou com o pacote de estímulo de Pequim, ainda pode crescer
As ações chinesas registraram seu melhor dia nesta segunda-feira (30) desde a crise financeira global de 2008, estendendo uma alta histórica desencadeada pelo robusto pacote de estímulo de Pequim.
O índice CSI 300 de blue-chips da China, composto por empresas listadas em Xangai e Shenzhen, disparou 8,5%, à medida que os investidores se adiantaram antes do feriado que mobilizará o restante da semana para as celebrações da Golden Week.
O movimento continuou uma alta que começou na semana passada, quando primeiramente o Banco Popular da China, seguido pelo comitê liderado pelo líder Xi Jinping, prometeram amplas medidas de estímulo monetário e fiscal para apoiar o crescimento econômico em declínio no país.
A alta marca uma reviravolta acentuada para o mercado chinês, que sofreu grandes quedas nos últimos três anos e meio, à medida que investidores estrangeiros fogem diante de preocupações com uma economia em desaceleração e uma crise latente no setor imobiliário.
“Acreditamos que essa alta no mercado de ações poderia ir um pouco mais longe”, disse Manik Narain, chefe de estratégia de mercados emergentes da UBS. “Eu diria que a partir daqui, uma alta adicional de 5% a 10% não pareceria extrema em nossa opinião.”
Os volumes diários de negociação foram os mais altos em nove anos, de acordo com dados da LSEG.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng fechou em alta de 2,4%, impulsionado por empresas chinesas listadas no território, incluindo Alibaba e Tencent. Seu desempenho no ano —a maior parte do qual ocorreu nas últimas semanas— agora está em 24%, superior ao ganho de 20% do índice S&P 500.
A alta contrastou com o desempenho negativo de outros grandes mercados asiáticos no dia. O Nikkei 225 do Japão despencou 4,8% em uma sessão caótica após a notícia de que o próximo primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, convocará uma eleição geral para 27 de outubro.
Investidores disseram que as quedas refletiram a frágil confiança dos investidores em Ishiba, que já expressou seu apoio a maiores impostos sobre empresas e renda de investimentos.
No entanto, analistas alertaram que uma alta duradoura na China não seria sustentada apenas pelo afrouxamento da política monetária e pediram mais detalhes sobre o estímulo fiscal.
“O mercado precisa de um ‘golpe de 1-2-3’ [com o afrouxamento monetário atual como a primeira ação], seguido por um grande estímulo fiscal, e, mais importante, reformas estruturais para sustentar a alta, em vez de um negócio de curto prazo”, disse Minyue Liu, especialista em investimentos para a Grande China e mercados emergentes globais na BNP Paribas Asset Management.
“Este estímulo chinês provavelmente permanecerá dentro das fronteiras chinesas”, disse Narain, da UBS. “Após o término da Golden Week, talvez veremos mais detalhes sobre as medidas de estímulo —estamos procurando detalhes sobre medidas para apoiar o consumo, por exemplo, que são muito escassos.”
Colaborou Leo Lewis em Tóquio
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