Estudos da frota atual são essenciais para cumprimento de ambições, avalia Wärtsilä

Gerente da fabricante na América Latina vê aumento da pressão sobre toda cadeia logística e destaca que trabalhos com barcos de apoio marítimo indicam possibilidades de retrofit e hibridização

A Wärtsilä avalia que a indústria marítima precisa entender com a frota existente, que atualmente gira em torno de 30.000 embarcações pelo mundo, quais tecnologias vão ajudar em cada projeto e segmento de embarcações no cumprimento das ambições globais de redução de emissões. Na visão da empresa, um dos desafios é construir embarcações prontas ou que vão se adaptar de maneira mais prática às especificações que estão por vir — seja em relação a combustíveis diferentes, seja a sistemas multi-combustíveis, que estão em discussão junto a armadores, projetistas, fabricantes e estaleiros.

O gerente de vendas sênior da área marítima da Wärtsilä na América Latina, Mário Barbosa, observa que os clientes dos armadores cada vez mais têm cobrado deles um posicionamento para navegação mais limpa. Barbosa citou que não existe atualmente uma regulamentação para que embarcações de apoio offshore apresentem índices de descarbonização. Em contrapartida, existe uma pressão para que as petroleiras demonstrem que estão descarbonizando suas operações.

“Em consequência, as embarcações que operam para elas têm que apresentar índices menores de emissões de gases de efeito estufa”, analisou Barbosa, na última semana, durante painel do 29º Congresso Internacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore promovido pela Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena), no Rio de Janeiro (RJ).

Na ocasião, Barbosa disse que a Wärtsilä tem desenvolvido trabalhos junto ao segmento de embarcações de apoio marítimo, desde 2017. A fabricante, de matriz finlandesa, entende que a frota existente de PSVs (transporte de suprimentos), AHTS (manuseio de âncoras) e OSRVs (recolhimento de óleo) no Brasil, em grande parte com propulsão diesel-elétrica, pode sofrer retrofit e se hibridizar, por meio da instalação de baterias.

O gerente da Wärtsilä destacou que a fabricante e a CBO firmaram, em 2020, o primeiro contrato de hibridização de uma embarcação na América Latina. Um acordo recente entre as duas empresas prevê a descarbonização da frota da CBO, com estudos sobre as embarcações da companhia de navegação, com uma avaliação das oportunidades na pegada de hibridização para descarbonizar as operações.

Barbosa explicou que, ao fazer um retrofit ou novo projeto, existem preocupações sobre o custo do carbono e sobre como será tratada a questão dos créditos de carbono, embarcações neutras em carbono e combustíveis com emissões zero. Ele também vê fundos de investimento cada vez mais comprometidos com práticas de governança e socioambientais (ESG), voltando investimentos para as soluções mais amigáveis para o meio ambiente.

“Cada vez mais, existe pressão do mercado na questão do acesso ao capital, no impacto operacional no índice de emissão de carbono, nas taxas diárias e no custo do frete em si. Precisa se descarbonizar pensando no aspecto da legislação em vigor e que está sendo discutida, mas também na pressão do mercado”, comentou Barbosa.

Ele ressaltou que, por melhores que sejam essas alternativas, existe o desafio para as embarcações que cruzarão 2030. Ele avalia que, somando todas as alternativas disponíveis, não se consegue chegar à redução esperada de 40% de CO2 das embarcações atuais. “Existem várias alternativas hoje para tentar pegar a embarcação existente e melhorar o índice de eficiência energética dela para enquadrar dentro dos requisitos a partir de 2023 e melhorar um pouco o índice operacional de emissão de carbono (CII)”, afirmou.

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