Brasileira Lecar muda desenho de carro híbrido e anuncia fábrica no Espírito Santo
Modelo terá motorização produzida no Paraná por empresa do grupo Renault; investimento é estimado em R$ 780 milhões
Após desistir de produzir um carro 100% elétrico para priorizar um modelo híbrido flex, a Lecar anuncia o local de sua futura fábrica. Será em um terreno de 460 mil metros quadrados na cidade de Sooretama, no Espírito Santo. O estado é a terra natal de Flávio Figueiredo Assis, criador da empresa.
O empresário diz que haverá capacidade para produzir 120 mil automóveis por ano, com geração de 1.500 empregos diretos e 3.000 indiretos. O local foi escolhido após negociações com diversos estados, incluindo a tentativa frustrada de adquirir as antigas instalações da Ford em Camaçari (BA), que hoje estão sob o controle da chinesa BYD.
A Lecar terá acesso aos benefícios tributários vigentes em áreas atendidas pela Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), que se estendem até o norte do Espírito Santo. É o mesmo pacote disponível para o grupo Stellantis, que tem fábrica em Pernambuco. Entre os incentivos, há o abatimento de 75% do imposto de renda.
“Ninguém faz carro sozinho”, afirma Assis, que agora terá um grande número de fornecedores de componentes, devido à maior complexidade dos carros híbridos. A previsão é lançar o veículo daqui a dois anos, com início da fabricação previsto para agosto de 2026. As mudanças são grandes, a começar pelo desenho.
“Imaginávamos ter um desenho incrível, mas sofremos muitas críticas e não paramos de desenvolver”, diz o empresário. “A decisão de mudar ocorreu em abril, ao mesmo tempo em que resolvemos migrar do elétrico para o híbrido flex.”
Além de repaginar o modelo, a equipe de design adequou o híbrido às regras de segurança, que preveem contornos menos agressivos em caso de atropelamento. A carroceria será tradicional, feita de aço –antes, a ideia era utilizar um material de alta resistência composto por plástico e fibra de vidro.
O conjunto mecânico do Lecar 459 será fornecido pela Horse, empresa que faz parte do grupo Renault. Produzido no Paraná, o 1.0 turbo flex (122 cv) vai funcionar como um gerador para o motor elétrico (163 cv) instalado na traseira, de onde vem a tração. O câmbio é automático.
De acordo com a ficha técnica do futuro Lecar 459, a bateria tem 18,4 kWh de capacidade, o que é suficiente para uma viagem de 100 km no modo puramente elétrico. Mas não se trata de um PHEV (híbrido plug-in), que pode ser recarregado na tomada. É o motor a combustão e a energia reaproveitada nas frenagens que recupera a energia.
O projeto segue em desenvolvimento, e ainda falta definir fornecedores de diversos componentes. Há, por exemplo, negociações com a Harman, empresa do grupo Samsung que desenvolve painéis e centrais multimídia, entre outros componentes tecnológicos.
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