Dólar ultrapassa R$ 5,50 e Bolsa interrompe sequência de altas com EUA em foco

Investidores seguem tendência de outros mercados no exterior, conforme crescem apostas de uma redução mais gradual nos juros americanos

São Paulo

dólar tinha alta firme nesta quinta-feira (22), em linha com o exterior, enquanto os investidores seguiam de olho na trajetória dos juros e dos dados econômicos dos Estados Unidos.

Às 11h02, a moeda norte-americana subia 1,15%, cotada a R$ 5,544 na venda. Já a Bolsa interrompia a sequência de altas que levaram o Ibovespa a patamares recordes, com queda de 0,46%, aos 135.829 pontos.

A imagem mostra uma tela com um gráfico de mercado financeiro em fundo escuro. O gráfico apresenta uma linha azul que sobe, indicando um aumento, com o valor de 21.039,36 em destaque. Há também informações numéricas e percentuais abaixo do gráfico, que parecem indicar variações de preço e volume. Uma pessoa, vista de costas, está observando a tela.
Na quarta-feira, o dólar fechou em leve queda de 0,08%, a R$ 5,481, e a Bolsa brasileira renovou o recorde histórico pelo terceiro pregão consecutivo, com alta 0,28%, aos 136.463 pontos – Carla Carniel/Reuters

A tônica dos mercados segue sendo o estado da economia e a política monetária dos Estados Unidos.

Nesta quinta, novos dados eram destaque. O número de pedidos de auxílio desemprego subiu para 232 mil na semana encerrada em 17 de agosto, ante expectativa de 230 mil de analistas consultados pela Reuters. Na leitura semanal anterior, haviam sido 228 mil pedidos.

O resultado reforça a percepção de resfriamento do mercado de trabalho, após uma revisão na véspera mostrar que os Estados Unidos criaram 818 mil empregos a menos do que o divulgado anteriormente nos 12 meses até março.

“O mercado de trabalho tem sido, nas últimas semanas, o principal vetor para os próximos passos do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) na condução da política monetária”, afirma André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais.

“Os dados mostram que a economia dos Estados Unidos caminha para uma desaceleração, o que aumenta a possibilidade de que o Fed adote uma postura mais contundente na próxima reunião, em setembro.”

A autoridade monetária divulgou, na quarta-feira, a ata da reunião de julho, cuja resolução foi por manter a taxa de juros inalterada na faixa de 5,25% e 5,50%.

A minuta indicou que a grande maioria dos diretores de Política Monetária está inclinada a um corte na taxa a partir da próxima reunião, marcada para setembro, “se os dados permanecerem dentro do esperado”.

Vários deles, aliás, se mostraram dispostos a um corte na própria reunião passada. O documento ainda trouxe que “muitos” diretores consideraram a taxa restritiva, com argumentos de que, em meio a um resfriamento contínuo das pressões inflacionárias, nenhuma mudança nos juros poderia acentuar a desaceleração da economia.

Os operadores financeiros dão como certo que a flexibilização terá início na próxima reunião, em setembro. Agora, 72% dos investidores apostam em um corte de 0,25 ponto percentual, enquanto os 28% restantes vêem probabilidade de uma redução maior, de 0,50 ponto, segundo a ferramenta CME FedWatch.

As apostas em um afrouxamento mais gradual faziam os rendimentos dos Treasuries, os títulos ligados ao Tesouro americano, saltarem. O rendimento do Treasury de dois anos —que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo— tinha alta de 0,06 ponto percentual, a 3,98%.

Quanto mais crescem os rendimentos dos Treasuries, melhor para o dólar, que se torna comparativamente mais atraente do que ativos de maior risco, prejudicando o apetite por moedas de países emergentes, incluindo o Brasil.

A procura por ativos mais seguros também tirava o apetite por investimentos na Bolsa brasileira.

A atenção se volta agora para dados preliminares da atividade empresarial nos EUA, medidos pelo PMI (índice de gerente de compras, na sigla em inglês), e para o encontro de autoridades de bancos centrais em Jackson Hole, no estado de Wyoming, que começa nesta quinta e vai até sábado.

Jerome Powell, presidente do Fed, discursa na sexta-feira. A expectativa é que ele faça indicações sobre os planos do banco central para a reunião do mês que vem.

Na cena doméstica, o foco estará em eventos com a participação de diretores do BC (Banco Central), uma vez que os investidores buscam sinalizações sobre como o Copom (Comitê de Política Monetária) poderá agir na próxima reunião, também em setembro.

O diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, participará da 7ª Edição da Semana de Mercado Financeiro da PUC-Rio, às 11h, enquanto o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, comparece ao 32º Congresso & Expo Fenabrave, em São Paulo, às 14h30.

A curva de juros brasileira ap ontava nesta manhã para uma alta na Selic, atualmente em 10,50% ao ano, com a taxa do DI para janeiro de 2025 —que reflete a política monetária no curtíssimo prazo— em 10,795%, em alta de 0,05 ponto percentual.

Na quarta-feira, o dólar fechou em leve queda de 0,08%, a R$ 5,481, e a Bolsa brasileira renovou o recorde histórico pelo terceiro pregão consecutivo, com alta 0,28%, aos 136.463 pontos. Na máxima do dia, chegou a tocar os 137 mil pontos pela primeira vez.

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