Dólar abre em leve queda nesta sexta-feira com investidores analisando dados dos EUA

Analistas veem com otimismo os indicadores econômicos divulgados pelos EUA

São Paulo

O dólar abriu em leve queda na sessão desta sexta-feira (16), à medida que os mercados globais exibem otimismo devido a uma série de dados econômicos fortes dos Estados Unidos que afastaram os temores de recessão presentes na semana passada.

Às 9h06, a moeda norte-americana caía 0,12%, cotado a R$ 5,4775. Na quinta-feira (15), o dólar fechou em alta de 0,25%, aos R$ 5,483, e a Bolsa brasileira avançou 0,63%, aos 134.153 pontos, perto da máxima histórica de 134.193 pontos, registrado no fechamento de 27 de dezembro do ano passado.

A sessão foi marcada por volatilidade na moeda norte-americana, que chegou a atingir a mínima de R$ 5,450 no meio da tarde, até reverter perdas perto do fechamento. Já o Ibovespa chegou a atingir recordes 134.574 pontos na máxima do pregão, mas perdeu força ao longo do dia.

As negociações foram marcadas por novos números vindos dos Estados Unidos, que continuaram a elucidar o cenário da maior economia do mundo para os investidores.

Os pedidos de auxílio-desemprego, divulgados pela manhã, diminuíram para 227 mil na semana encerrada em 10 de agosto, ante expectativa de 235 mil de analistas consultados pela Reuters. Na semana anterior, haviam sido 234 mil pedidos, em dado revisado para cima.Além disso, as vendas no varejo por lá cresceram 1% em julho, bem acima da projeção de 0,3% de economistas. Os dados de junho, antes em estabilidade, foram revisados para queda de 0,2%.

Na quarta-feira, o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) ainda veio em alta modesta para julho, em 0,2%, depois de cair 0,1% em junho. Em 12 meses, ficou em 2,9%, ante 3,0% da leitura anterior.

O resultado mensal veio em linha com as projeções de analistas consultados pela Reuters; no comparativo anual, a expectativa era por 3,0%.

Os dados trouxeram ainda mais alívio aos temores de recessão que derrubaram Bolsas pelo mundo na semana passada. “Nós projetamos um pouso suave”, afirmou o economista-chefe Suno Research, Gustavo Sung.

A percepção de uma economia mais forte balizou as apostas sobre a política monetária norte-americana.

Agentes financeiros dão como certo que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) irá começar o ciclo de cortes de juros na próxima reunião, marcada para setembro, mas com uma redução mais branda do que o esperado por causa da resiliência econômica.

Antes, com os temores de uma desaceleração acentuada na economia, um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros —atualmente na faixa de 5,25% e 5,50%— era a aposta majoritária, com especulações até de uma reunião extraordinária do Fed para adiantar o ciclo de afrouxamento.

Agora, uma redução inicial de 0,25 ponto se tornou a de maior probabilidade, com endosso de 76,5% dos investidores, segundo a ferramenta CME FedWatch.

A iminência do início dos cortes nos Estados Unidos tem levado investidores a ativos de risco, como o mercado acionário brasileiro. Isso, somado à temporada de balanços corporativos, tem dado fôlego ao Ibovespa, que acumula uma sequência de oito pregões no positivo.

Já o dólar costuma se depreciar à medida que o Fed reduz os juros. Em tese, ele se torna comparativamente menos atrativo em relação a outras moedas quando os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro, chamados de treasuries, caem.

A moeda norte-americana, no entanto, firmou em alta ao final da sessão desta quinta, estendendo ganhos da véspera após a divulgação do CPI.

Os investidores se valem das diferenças entre taxas de juros para efetuar o chamado “carry trade”, ou seja, quando tomam empréstimos a taxas mais baixas e aplicam esses recursos onde os juros são maiores —uma operação que costuma favorecer o real.

“O que deu suporte à valorização da moeda brasileira nos últimos dias foi a fala de Gabriel Galípolo [diretor de política monetária do Banco Central] na segunda-feira sobre a possibilidade de aumentar a Selic. Com a leitura de que o Fed vai começar o afrouxamento de forma mais moderada, há menos ímpeto para investir no real do que antes.”

A percepção crescente de que o Banco Central deve manter a taxa Selic no atual patamar de 10,50% ao ano, ou até mesmo elevá-la antes do final de 2024, virou o foco da cena doméstica.

Favorito para assumir a presidência da autarquia ao fim do mandato de Roberto Campos Neto, Galípolo reforçou que um novo aperto na Selic está na mesa, em mensagem que já havia aparecido na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC).

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